quarta-feira, junho 29, 2005


Um ponto obstruiu o infinito da frase.

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terça-feira, junho 28, 2005

Amarragens # 8


Imperdível.

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Um microconto


Para o meu amigo António



Os aplausos redobraram – já não havia políticos em cena.


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Citando # 123


Le philosophe ne prend pas par la main, il fournit les moyens d'une marche solitaire: on n'effectue pas le trajet d'un autre, on ne peut philosopher pour lui, pas plus qu'on ne vit, souffre ou meurt à la place de l'autre.

Michel Onfray



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segunda-feira, junho 27, 2005

Náutico


Sonhei-te baixio
porto seguro deste galeão
onde nas manhãs salgadas
à sombra do astrolábio
esconderei dual amor.

Bergantim mareando brumas!


Lx, 2004



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sábado, junho 25, 2005

Recordando



Pont Valentre em Cahors



Um pouco da sua história


Le pont Valentré réglait le passage sur la rivière : la tour centrale servait d'observatoire, les tours extrêmes filtraient les passages grâce à des portes doublées de herses. La construction abritait un corps de garde.

Imposante forteresse, le pont Valentré ne fut jamais attaqué ni par les Anglais pendant la guerre de Cent Ans ni par Henri de Navarre qui assiégea Cahors en 1580.

Trois tours à mâchicoulis et des parapets crénelés avec avant-becs aigus, caractérisent cet ouvrage typique de l'art militaire du Moyen Age. Sept arches ogivales effilées fendent les flots du LOT sur lequel il est érigé et supportent les 3 tours de 40 mètres de hauteur.

Sa construction dure plus d'un demi-siècle. Commencée en 1308, elle est liée à une légende diabolique. Désespéré par la lenteur des travaux, l'architecte pactise avec Satan. Le "malin" doit apporter les matériaux nécessaires à l'ouvrage en contrepartie de quoi, s'il exécute fidèlement tous ses ordres, l'homme lui donnera son âme. La rapidité des travaux est stupéfiante. Vers la fin, l'architecte se renie et demande au Diable de lui apporter de l'eau dans un crible, tâche que Satan ne parvient pas à accomplir. Le "malin" doit s'avouer vaincu.

Par vengeance, le diable fait en sorte que la dernière pierre de la tour du milieu (la tour du diable) tombe à chaque fois qu'elle était remplacée.

En rappel à cette légende, lors de la restauration du pont, à partir de 1879, la pierre fut scellée solidement ; un petit diable faisant des efforts pour l'arracher y a été sculpté.

Aujourd'hui, le Pont VALENTRÉ est réservé à la circulation des piétons. Depuis 1998, il est inscrit sur la liste du Patrimoine mondial étable par l'UNESCO.



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Citando # 122


Un être humain est une partie limitée dans le temps et l'espace, du tout que nous appelons Univers. Il fait lui-même l'expérience de ses pensées et de ses sentiments comme quelque chose de séparé du reste, une sorte d'illusion d'optique de sa conscience. Cette illusion est pour lui comme une prison qui le limite à ses désirs personnels et à l'affection pour les quelques personnes les plus proches de son entourage. Sa tâche est de se libérer par lui-même de cette prison en élargissant son cercle de compassion jusqu'à y inclure toutes les créatures vivantes et la nature entière dans toute sa beauté.

Albert Einstein



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sexta-feira, junho 24, 2005

Recordando


Gruta pre-histórica de Pech-Merle, Cabrerets, região do Lot, França.

Talvez não tão conhecida como a de Lascaux ou a de Chauvet mas não menos impressionante.



Carga de bisontes e cavalo - Capela dos Mamutes (detalhe)



Cavalos e m�os


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quinta-feira, junho 23, 2005

Anoitecidos


O silêncio é a sinfonia que domina a casa. Portadas fechadas – nem chuva nem o bater do mar. Um intervalo de ausência onde me escondo de mim.

hfm - Ericeira, Junho 05



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Citando # 121


Si la fortune vient en dormant, ça n'empêche pas les emmerdements de venir au réveil.

Pierre Dac, Les Pensées, Le Cherche Midi



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quarta-feira, junho 22, 2005

Sem título


é só manhã

imensa
alongando o mar
esvaziando os códigos

é só manhã
nos poros da eternidade


Ericeira, 20 de Junho de 2005



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terça-feira, junho 21, 2005

Diurnos # 3


O espírito reconhece o enfado, não tolera a repetição. Como o vento nas canas adensa-se o não e muda-me no rosto as linhas. Cerro os dentes. Levanto-me. O caminho para o infinito é na direcção do mar. Aí se centralizam as forças e a pureza primeva.

hfm - Ericeira 05

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Citando # 120


On peut regarder toute photographie comme une énigme. Elle est un instant du temps, elle n'a pas d'avant, pas d'après, pas d'autour. Même quand elle est aisément identifiable.

Denis Roche



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segunda-feira, junho 20, 2005


Todo o corpo obedecia a um ritmo certo, melhor, certeiro. Harmonioso. Milimetricamente estudado. Mimeticamente construído.

O traçar da perna. O ajeitar do cabelo. O timbre e o tom da voz. Aquele jeito acrobático de levar a torrada à boca e evitar que algum bocado de manteiga lhe sujasse a blusa. A lisura da roupa da época. Sem pretensiosismo. As mãos percorrendo coreografias na direcção dos que a escutavam.

Ao lado, alguém apontando na sua direcção exclamou:

- Mas que cromo!



hfm - Ericeira, 2005



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sábado, junho 18, 2005

Amarragens # 7


Aqui.

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e pensar que comecei por aqui...


Spectrum Plus, 1986


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sexta-feira, junho 17, 2005

Mais um livro que recomendo


J. M. Coetzee, Elizabeth Costello, Dom Quixote, 2004

Uma história lancinante contada com uma prosa seca, com uma inteligência cortante e uma notável ternura.

People



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Citando # 119


Notre tête est ronde pour permettre à la pensée de changer de direction.

Francis Picabia



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quinta-feira, junho 16, 2005

Recordando



Teatro romano em Orange, Fran�a

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quarta-feira, junho 15, 2005

Conversa de esplanada



Quando cheguei à esplanada que frequento diariamente, quando estou de férias, numa pequena praia de acessos difíceis e por isso ainda um pouco selvagem, encontrei nela, sentado numa mesa ao canto, um velho que nunca ali tinha visto. Há que dizer que ali mais ou menos todos nos conhecemos. Somos sempre os mesmos, tirando em algum domingo, feriado ou naquele mês que deveria ser banido do calendário – Agosto. Cumprimentamo-nos de longe, com um leve baixar de cabeça ou com a salvação. Poucas intimidades ali existem. Aquele é o lugar dos que gostam de silêncio e de se sentarem à mesa consigo próprios. Estranhei aquele novo personagem. Estranhei particularmente a sua idade. Deveria ter pernas de ferro para ter conseguido chegar ali. A única mesa vaga era a que lhe estava ao lado. Sentei-me depois de cumprimentar os presentes e não antes de lhe ter baixado a cabeça. Recebi em troca um sorriso.

Mal acabara de me sentar, ouvi a sua voz dizer-me:

- Bela manhã e que sossego! Nem parece que estamos neste escalavrado país!

Fiz um sorriso anémico e pensei logo, temos o caldo entornado, este é dos que gostam de falar e eu não vim para aqui para manter diálogos. Virei-me ligeiramente na cadeira esperando que ele percebesse que não queria conversas e abri o jornal.

- Ah, o senhor ainda é dos que lê jornais! Desperdiça o seu dinheiro. Quaisquer que sejam as notícias apenas mostram a inoperância de todos os que nos governam e vão sempre dar ao mesmo, à não notícia, à repetição cabal do que já anteriormente foi feito e dito. Encontra aí alguma novidade?

Esbocei um sorriso e tentei continuar mergulhado na leitura.

- Olhe agora para este caso das reformas dos políticos e dos detentores de alguns cargos, acha que isso nos vai levar a algum sítio? – insistiu ele.

Tinha de acabar com aquilo de vez.

- Acho que foi preciso coragem para tomar estas medidas, já é um ponto positivo.

- Mas acha que isso vai levar a algum lado?

- E como quer que eu saiba? Pelo menos, esses senhores vão ter de optar e não vão ficar com tanto do nosso dinheiro.

- Acha? Pois olhe, eu penso que as leis que permitem ter essas reformas ainda não foram alteradas. Essas leis é que têm de ser imediatamente erradicadas.

- Se vamos por aí só lá para as calendas gregas é que se consegue alguma coisa. O importante é que acabem esses escândalos.

- Se o senhor tivesse direito a elas rejeitava-as?

- Eu? Sei lá, eu nem sequer sou reformado!

- Pois olhe, eu se tivesse direito a elas não abdicava delas; e digo-lhe mais, só tenho pena é de não ter muitas, há longo tempo que já não tenho problemas de consciência; por isso só quando as leis forem erradicadas é que as reformas, pensões ou seja lá o que for, poderão ser cortadas.

- Assim não vamos a lado nenhum.

- Vamos, vamos. Sabe meu caro senhor, eu se calhar até sou algum bastardo pois o que não devo ser é português; como lhe disse, neste país, já não tenho problemas de consciência, eu tenho é consciência dos problemas.



Junho de 2005



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segunda-feira, junho 13, 2005

A EUGÉNIO


Escrevi este poema há quase um ano; hoje, no dia da sua morte, volto a colocá-lo aqui. Que os deuses o acolham entre os seus pares.


já são poucas as palavras
a mão resvala à vida
acinzenta-se o céu
mas o límpido olhar
serena em nós a Poesia.

Lx, 18 de Junho de 2004

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Anoitecidos


Havia as marchas. Havia as fogueiras. Havia as memórias. Havia a gente. Havia a noite e as promessas. Havia o hálito inventado de tanta neblina. Havia o fogo verdadeiro e o fátuo. Havia a nostalgia e os olhos das crianças. Havia o cortejo dos balões reanimando as incertezas. Havia aquele pequeno monte de areia que escorria dedos abaixo. Havia tantas coisas e tão pouco. Havia, para mim, apenas o mar e a sua segura certeza afirmando-se para lá daquela pequena lua que não o iluminava. E seria preciso?

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Citando # 118


Pour moi, la seule intelligence qui vaille d'être défendue, c'est une intelligence critique, dialectique, sceptique et désimplifiante.

Susan Sontag



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domingo, junho 12, 2005


Acabei de ler dois bons livros que recomendo.

O Cavaleiro da Águia de Fernando de Campos, Difel, 2005. Mais um bom romance onde os personagens históricos se enredam numa fértil imaginação servida por um rigoroso domínio da língua e desta ao longo da História.

A Biblioteca de Zoran Zivkovic, Cavalo de Ferro, 2005. Um livro de contos. Uma agradável descoberta de um grande contista. Um fio condutor que vai tecendo os contos que quase se tornam uma novela. Magnífico a Biblioteca Mínima. Uma escrita enxuta e simples.


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Citando # 117


L'Intelligence Artificielle se définit comme le contraire de la bêtise humaine.

Woody Allen



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sábado, junho 11, 2005

Secando para o Inverno



juntando cores


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sexta-feira, junho 10, 2005

Vasculhando o Sótão - Brasil VI


Continuo esperando que os meus amigos brasileiros me digam como se encontra actualmente esta praça.


São Paulo, Praça do Correio


O postal, apesar de escrito, não tem data mas segue o selo.


Selo comemorativo da visita de Eisemhower em 1960


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quinta-feira, junho 09, 2005


quando o ar se rarefaz
explode nas veias a poesia


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Citando # 116


Nous finissons toujours par dépendre de créatures que nous avons faites.

Goethe, Faust



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quarta-feira, junho 08, 2005

Diurnos # 2


A borrasca percorre o ar e agiganta-se do mar. Corre um ar quente e denso. Não se vê a serra e o cabo é apenas uma mancha que parece saída de algum quadro de Rothko. O ar está parada e alguns coelhos atrevem-se a cruzar o pequeno empedrado ali mais à frente. Tudo o mais está quieto. Expectante. Calor dissimulado nos dias de bruma.

Virá só o calor ou de nenhures regressará D. Sebastião? Creio que isso bem pouco importa. Venha qualquer coisa menos esta borrasca que se anuncia.

O mar descansa na sua dorida imensidão.


Ericeira, 8 de Junho 05



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Citando # 115


L'aventure, la grande aventure, c'est de voir surgir quelque chose d'inconnu chaque jour, dans le même visage, c'est plus grand que tous les voyages autour du monde.

Alberto Giacometti



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terça-feira, junho 07, 2005

Vasculhando o Sótão - Brasil V


Rio de Janeiro

Continuando na senda dos postais antigos; em especial para os meus amigos brasileiros.


Vista parcial




Copacabana Posto 1




P�o de Ac�car




Vista do Corcovado


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Citando # 114


On considère souvent l'art comme de l'aspirine: dans les situations tragiques, il procure un soulagement. Mais en réalité il offre une véritable information, un authentique savoir, il soude la communauté et vous donne accès à d'autres sociétés que la vôtre, sans peur de l'inconnu. L'art permet de révérer sans risque la création d'autrui.

Toni Morrison in Le Nouvel Observateur, 1er décembre 2004



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segunda-feira, junho 06, 2005


quando amainam as tempestades
desleixam-se as consciências


hfm - Maio 05

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Notícias de Cabotagens


Através do Ardeu a Padaria encontrei este precioso site - Sabores do Mundo.

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sábado, junho 04, 2005

Mais um ano de Feira do Livro


Passado o buraco em que o “Pipi” da Câmara transformou o Marquês de Pombal e subida um pouco mais a alameda do Parque, aí está ela. Igual. Cheia. Demasiado. Com os livros em catadupa desafiando a paciência e a vista.

O encanto já não é o mesmo; talvez culpa minha, mas o sol abrasador, os empurrões, o barulho já me afastam desta feira onde vinha várias vezes por ano. Os tempos são outros. Há livrarias onde os preços desafiam os da Feira, onde os livros estão dispostos de uma forma atractiva, com locais onde os podemos desfolhar no recolhimento das palavras. Também as várias feiras anuais de livros com descontos substanciais tornam esta Feira do Livro menos atraente e apenas mais uma feira. Diga-se de passagem que os livreiros e editores se acomodam demasiado e repetem gestos passados, esquecidos que estão perante um povo que lê pouco e a quem deveriam proporcionar um espaço de prazer, procura, beleza e uma certa comodidade.

Entre os livros que comprei destaco na Poesia: Casimiro de Brito – Manuel António Pina e José Tolentino Mendonça (A Estrada Branca). Livros de Francisco José Viegas, Paul Auster e Pérez-Reverte. Um livro de Arte do séc. XX e de Pop-Art (este uma verdadeira pechincha que me valeu a ida à feira).

Não voltarei este ano à Feira do Livro.

Há, contudo, uma coisa que tenho de realçar. Aos que querem escrever e estejam falhos de motivo aconselha-se uma ida à Feira. Não pelo bulício envolvente (ajudaria, pois só ele seria matéria de escrita), mas especificamente pelas conversas laterais que se estendem alameda acima e abaixo naquele tom bem audível e português de quem gosta de ser ouvido. A enormidade das conversas e das asneiras merece anotação e daria boas crónicas e contos. Mas melhor de tudo, são os que se passeiam de telemóvel ao ouvido em intermináveis conversas sobre o cão, o gato, o Zezinho, a Lolinha e, sobretudo, as inúmeras conversas de tralhalho(?) ou de venda da “banha da cobra”; estas últimas em especial dariam um grosso calhamaço sobre agressivas técnicas de venda e de marketing de senhores de colarinho branco e engravatados, refastelados entre livros e algum copo de cerveja!

Haja paciência para tanto pacovismo!

Maio 05


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sexta-feira, junho 03, 2005


quando o som é o mar
a brisa ensandece as gaivotas


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quarta-feira, junho 01, 2005


Os olhos traziam respostas e os dias omitidos. Eram vagas as palavras silenciadas. Não reparávamos nas gentes e o bulício não nos incomodava. Sozinhos, frente a frente, desfolhávamos passado e presente na pressa das harmonias e dos silêncios. Não havia mais tempo e nele tinham de caber os dias partilhados e os perdidos e todas as promessas que o olhar pressagiava. Não havia tempo e o minuto eternizou nas mãos o palimpsesto das vivências. Nós, o tempo, o silêncio e o olhar prospectivavam, em progressão geométrica, a arquitectura da eternidade.

Maio 05



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