segunda-feira, setembro 29, 2008

Outro velhinho


?


eu apresento-me.
chamo-me papoila mas sou albina
sem cor e sem sangue
dilacero-me na dúvida
serei mesmo papoila?
ou foi só loucura?
algum imprudente
me nomeou assim?
ou não terei pais
sequer família?
sem cor e sem sangue
entregue a mim
serei tão só
uma albina
a que chamaram papoila?

- sou obviamente o delírio
de um poeta
que não percebia de agricultura.


HFM - Lisboa, 3 de Maio de 2003



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sábado, setembro 27, 2008




Deixei no mar as vagas e a força do vento.

No meu olhar trago o infinito sempre crescente e a certeza de que, enquanto eu existir, ele será inquestionavelmente o porto dos homens sem abrigo onde retemperarei as dúvidas e fortalecerei as convicções, onde sedenta encontrarei a paz, onde as vagas nortearão o olhar e o vento despenteará as certezas.

Assim - franco, nobre, grande - com ele sempre me quero!



Tal como escrevi nos idos de 2001

quando eu morrer que seja
num Setembro ensolarado
ao entardecer
num rubro poente
adentre na água nos braços do sol.


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quinta-feira, setembro 25, 2008

Das dunas


Quando se soltam no deserto as falas
mastiga-se no silêncio a sede
e a caligrafia das cisternas

sangue e ocre fundem-se
nas dunas que as cores perseguem.


HFM - 25 de Agosto de 2008



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terça-feira, setembro 23, 2008

Novo diário










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segunda-feira, setembro 22, 2008

Equinócio de Setembro


*



As cores do Verão para encherem de pormenor este cair da tarde que, de dia para dia, irá ser cada vez mais cedo; até Dezembro - pois, como minha mãe dizia:

- Depois do Menino nascer tudo a crescer.


*Fotografia que tirei no jardim de Annecy junto ao Lago. Um pequeno braço do Lago que se dirige para a cidade.



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sábado, setembro 20, 2008

Um muito velhinho


de tão velhinho que não lhe encontro a data


de poemas me afogo
em poemas me afago


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quinta-feira, setembro 18, 2008

Lua cheia antecedendo o equinócio


espalha-se no mar a lua
e um silêncio de palavras caladas
como se as rochas
num semicírculo
incerto
orquestrassem a fadiga das esperas
e das memórias


um lastro de sombra aconchegando as vagas.


HFM - Ericeira, 14 de Setembro de 2008



terça-feira, setembro 16, 2008

Voragem


Não se querem as mãos serenar
nervos à pele, vigiam incansáveis
como se a eternidade fosse
o instante único
em que, em concha, o sorvessem.

HFM - Lisboa, 7 de Setembro de 2008

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domingo, setembro 14, 2008

Sem título





no fogo das tuas mãos
todas as promessas


desertos de água.

HFM - Lisboa, 31 de Agosto de 2008



Foto encontrada aqui:flickr.com/photos/44547563@N00/300769383/

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sexta-feira, setembro 12, 2008







Na pedra talhados do alto do monte olham o lago.


Aix les Bains - Museu

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quarta-feira, setembro 10, 2008

Tempos do tempo


transferências escorrem na pele
trazidas pelo aroma de verão
texturas arenosas dos anos
tangencialmente periféricos

testemunhos de tantos tempos!


Lisboa, 22 de Agosto de 2008



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segunda-feira, setembro 08, 2008

Não te largo papel


Escusas de me dizer que há outros meios. Eu sei.

Escusas de me dizer que é melhor para o ambiente. Eu sei.

Escusas de me dizer que já não se usa. Eu sei.

Escusas de me dizer outros tantos lugares comuns. Eu sei.

Eu sei tudo isso mas eu gosto de sentir a minha mão deslisar pela tua superfície e a caneta arranhar as tuas texturas. Eu gosto de te afagar quando leio e eu gosto ainda das pilhas que tenho armezanadas, dos montes de cadernos e folhas soltas dactilografadas e emendadas à mão ou, na sua maioria, das folhas manuscritas com letra de menina, de adolescente ou de mulher.

Eu gosto dessas presenças, sentinelas de vida e das horas nunca perdidas.

Não te largo papel. É uma jura!

HFM - Setembro 08



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sexta-feira, setembro 05, 2008

Esboço e poema feitos no local





DOS TRANCAVEL ATÉ HOJE


O senhor façanhudo continua solitário
vigiando a praça e os turistas
não sei quem é
e não foi ele que vim visitar
mas as muralhas, as torres, as pedras
e os fósseis das memórias
que procuro nesta velha Cité
- tal como o mundo que habito –
palco de tantas invejas
de tantas batalhas
de tantos ódios


cíclica repetição do esquecimento!


Carcassonne, 16 de Junho de 2008



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terça-feira, setembro 02, 2008


Numa manhã de vento

Quando rente corre o vento
impacienta-se o ar
e as canas imortalizam bailados
desconexos
confluentes de tantas ondas
onde se esperguiçam as minhas lembranças
como se o tempo fosse uma linha
recta


sorriem as canas
é-lhes familiar a liberdade do vento
e das memórias!


HFM - Ericeira, 14 de Julho de 2008



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