sexta-feira, março 31, 2006

No pêndulo do tempo


Não são plurais as horas
feitas de instantes
estáticos
desencontrados de sentido
pendulares
ausentes de linearidade
desiguais

formas abstractas de múltiplas leituras
buracos negros sugando o tempo.


Lisboa, Março d 2006



Etiquetas:

quinta-feira, março 30, 2006

Vasculhando o sótão



muitas das fotografias que tenho cá em casa devem ter sido tiradas por ela


Etiquetas:

terça-feira, março 28, 2006

Porque passam hoje dois anos sobre a morte de Rodrigo



Para o Rodrigo Emílio





os mortos habitam todo o espaço
esburacam os ficheiros do tempo
e, sem cerimónias,
sentam-se à mesa das minhas tertúlias.

HFM - 28-03-06


Etiquetas: ,

Sem título


não sei de onde te trago os frutos descascados
se da memória que percorri ao longo dos tempos
se do hábito de colhê-los pelo caminho

não têm pele mas no caroço poderás ler
a sina, o sangue e a sonoridade de todas as sedes.


Lisboa, 27 de Março de 2006



Etiquetas:

segunda-feira, março 27, 2006

Moviealcoholic


Nos últimos três dias vi três filmes - Capote, Colisão e Fala com Ela.

Do Capote ainda me custa falar tal o murro no estômago que toda aquela história e, particularmente, a interpretação me causaram. Há dramas dentro de dramas e relações que se cruzam sem qualquer tipo de rede. O tempo e a lenta cadência realçam toda a atmosfera que se pretende criar. Mais outro dos bons filmes que tenho visto ultimamente e daqueles que vão ficar para sempre gravados na minha memória. Não me admira que tenha ganho o prémio de interpretação masculina.

De Colisão pouco a dizer para além de decepção. Não consigo perceber como foi o filme premiado com o Óscar do melhor filme. Pateticamente moralista e demasiado americanizado para meu gosto.

Fala com Ela que acabei de ver em vídeo é mais um bom filme de Almodóvar. Uma história bem narrada e conseguida manipulando a analepse e o momento presente. Tocante e com a cor que marca os filmes de Almodóvar.


Etiquetas:

domingo, março 26, 2006

Sem título


rasguei a solidão
nos dedos do sol

- reinventei a cidade.


Lisboa, 26 de Março de 2006



Etiquetas:

sábado, março 25, 2006

Arrumando livros - Dicionário de Inglês/Português 1852










Nota: Para Pocket book (livro de bolso) os bolsos deveriam ser, nessa altura, enormes.

Etiquetas:

sexta-feira, março 24, 2006

Do diário # 17


Passada a fúria há no ar um estranho silêncio, um vagar utópico, uma súbita densidade que invade mentes e corpos.

Presságio de ocultas sinergias?

Convidemos o sorriso e cumprimentemos o dia.


Etiquetas:

quinta-feira, março 23, 2006

Arrumando livros - O meu 3º livro de leitura







pelo qual nada aprendi por culpa dos dois anteriores que me ensinaram a ler e foram:

A Cartilha Maternal

O Livro de Capa Verde


ambos trabalhados na minha escolinha - Jardim Escola João de Deus à Estrela.


Etiquetas:

quarta-feira, março 22, 2006

Altered books # 4








O ECO DO SILÊNCIO

O silêncio
andava a passear
uma palavra
afastou-se a passo lento
o vento tinha desaparecido
Ninguém.



Etiquetas:

terça-feira, março 21, 2006

Sem título


Não desconfies do vento
nada o compra ou inibe
passa.


Lisboa, 19 de Março de 2006



Etiquetas:

domingo, março 19, 2006

Do diário # 16


Não são as palavras que arrastam consequências são os silêncios que não ganharam acção. E não vale a pena a rebeldia ou a ingenuidade – meros subterfúgios para impedir o aumento de tensão.

Talvez a chuva lave as causas remotas e o silêncio seja portador de harmonias.


Lisboa, 17 de Março de 2006



Etiquetas:

sexta-feira, março 17, 2006

Grandes Mestres de Desenho na Colecção do Museu de Arte Antiga


No início da semana fui ver esta exposição - uma das melhores que vi ultimamente quer sob o ponto de vista estético quer temático. Os desenhos abrangem uma época que vai do sec. XV a meados do séc. XIX e estão nela patentes uma série de artistas "consagrados" de que destaco: António Campelo, Carneiro da Silva, Vieira Portuense, Domingos Sequeira, Francisco Metrass, Corregio, Parmiginanino, Caravaggio, Ticiano, Bernini, Poussin, Rembrandt, Rubens e tantos outros.



Domingos Sequeira - Figura Feminina e outros esquiços


Théodore Géricault - Oficial de Cavalaria da Guarda Imperial


Etiquetas:

quinta-feira, março 16, 2006

Sem título


de recusas e silêncios se escreve a vida
nas pegadas do tempo.


Lisboa, 12 de Março de 2006



Etiquetas:

quarta-feira, março 15, 2006

Citando # 154


Tant de mains pour transformer le monde, et si peu de regards pour le contempler.


Julien Gracq



Etiquetas:

terça-feira, março 14, 2006

Dos acasos


Um céu de acendalhas
num mar azul indigo
solicitam-se os deuses
e Ulisses não voltou

nem sonho nem imaginação
- a imponderabilidade dos acasos.


Ericeira, 1 de Março de 2006



Etiquetas:

segunda-feira, março 13, 2006

Do lugar comum


à borda de água me sentaram
cansei-me
no remoinho me quis
qual onda


Lisboa, 12 de Março de 2006



Etiquetas:

domingo, março 12, 2006

Altered books # 3





a cor o som despertou o idioma significado escolhido uma única palavra - o universal movimento


Etiquetas:

sexta-feira, março 10, 2006

Do Silêncio


Criar a palavra do silêncio
remetê-la ao nunca dito
ao desperdício
ao farrapo projectado
no infinito
despojá-la das torturas
das inquietações
incendiá-la de ausências
onde fervilham os traços
da gestação
da dor

depois

sem pressas
em surdina

encaminhá-la ao espelho
onde se ouve a respiração
do silêncio.


Lisboa, Abril de 2005



Etiquetas:

quinta-feira, março 09, 2006

Citando # 153








Fui para os bosques viver de livre vontade. Para sugar todo o tutano da vida. Para aniquilar tudo o que não era vida e para, quando morrer, não descobrir que não vivi.

Thoreau



Imagem de Joel Gravier

Etiquetas:

quarta-feira, março 08, 2006

Wadi Rumm


Para a Isabel Mendes Ferreira




O ocre aperta a sede
na miragem
espelhando a dúvida
calcinadas estão as palavras
e os sentidos
são de areia os momentos
e a febre fixa-se
no brilho das galáxias.

Aí depuro os excessos
em pedras, pó e água.


Lisboa, 7 de Março de 2006



Etiquetas:

terça-feira, março 07, 2006

Do diário # 15


Descodificada a colocação das pedras só o olhar se multiplicou.

Não havia defesa e o ataque desencontrava-se.

Na frieza do mármore agigantavam-se as torres.

Do rei e da rainha - a lenda e o reino perdido.


Etiquetas:

segunda-feira, março 06, 2006

Passeio CNC - Quintas e Igrejas de Azeitão


No passado sábado fiz mais um passeio do Centro Nacional de Cultura, desta vez pela região de Azeitão - suas quintas e igrejas.

O dia estava de tormenta e atormentados estávamos nós quando chegámos à Quinta da Bacalhoa onde entrámos a correr sem sequer podermos observar o belo pátio de entrada. Felizmente as explicações foram-nos dadas no interior protegidos pelos belos azulejos da colecção Berardo. Quando nos deslocámos ao exterior da quinta a chuva reduzia-se a uns pinguitos que um pálido sol veio afastar. Não sei se foram as "virtudes" que rodeiam a bela loggia exterior que se apiedaram de nós.

Não me alongarei sobre a história das quintas pois no final do post remeto para um site com a sua história e belas imagens.

Do que mais gosto quando passeio por estes locais é imaginá-los na sua época de glória quando as pessoas os habitavam, lhe davam cor e vida e, no caso da Quinta da Bacalhoa, quando Brás Afonso de Albuquerque, filho de Afonso de Albuquerque, escrevia sobre seu pai e tentava chegar àqueles caminhos de sabedoria e solidão que estão reservados apenas a alguns.



QUINTA DA BACALHOA



O palácio visto do exterior sobre a sua fachada norte. A vinha na sua esplêndia geometria.


O jardim de buxos visto da loggia do palácio.


Loggia exterior e tanque. Na parte superior das três aberturas as três virtudes teologais.


Pormenor de uma coluna e dos azulejos junto ao chão da loggia exterior.




QUINTA DAS TORRES



Exterior da casa junto ao lago.


O lago e a chuva que voltava a ameaçar.


Lambrim interior de azulejos. As banhistas têm uma modernidade que me fez lembrar alguns quadros impressionistas.


Do magnífico Moscatel que nos foi servido no pátio interior antes do almoço não vos falo - não gosto de acirrar invejas!




IGREJA DE S. SIMÃO - Vila Fresca de Azeitão



Exterior da Igreja; o muro que se vê à direita pertence já à Quinta da Bacalhoa.


Pormenor dos muitos azulejos que revestem o adro da igreja.


Pormenor do interior da igreja onde se pode ver os frescos que foram encontrados no tecto e os azulejos que revestem toda a igreja. Infelizmente as nossas igrejas estão muito pouco iluminadas e em dias de chuva e com máquina não profissional foi o melhor que consegui.




IGREJA DE SÃO LOURENÇO - Vila Nogueira de Azeitão




O que consegui na bela igreja de S. Lourenço. Pena não ter conseguido captar a Nossa Senhora com Menino em terracota que se julgou pertencer a Della Robbia mas da qual se tem ainda poucas certezas.




FINAL DA VISTA NA J.P. VINHOS


Aqui seguimos o processo de fabrico dos diferentes vinhos. Vimos as vinhas regadas gota a gota por água que vem do lago artificial que fica junto ao Jardim dos Sabores onde estão algumas das oliveiras, do tempo dos romanos, que para aqui foram transplantadas dos terrenos que a Barragem do Alqueva cobriu.

É também aqui que se encontra parte do espólio dos magníficos azulejos da colecção Berardo. Contudo, não sei se da prova dos vinhos se dos eflúvios ou se da pouco luz, salvou-se apenas a fotografia abaixo. Comigo veio, no entanto, uma garrafa de apenas meio litro de Moscatel Roxo envelhecido 9 anos em pequenos barris de carvalho vindos da Escócia e previamente usados na maturação de Malt Whisky. O preço fica no segredo dos deuses não vá o governo achar que é um sinal exterior de riqueza ;)





Nota: Aconselho a visita a esta página sobre as Quintas de Azeitão.


Etiquetas: ,

domingo, março 05, 2006

Notícias de Cabotagens


Ainda muito no início mas prometendo uma análise actual, atenta e certeira. Aqui.

Etiquetas:

sexta-feira, março 03, 2006

Monsanto alcandorado






Monsanto Alcandorado

Veja-se o poiso das águias
Destacando-se em baixo nas fragas
Veja-se lá bem ao longe
A barragem espelhando a água
Veja-se acima as pedras
No silêncio da antiguidade
Vejam-se as rosas e as hortenses
Em arco-íris nas ruas sinuosas
Veja-se o tempo intemporal
Na quietude da aldeia poisado
Veja-se a vida escorrendo
Ao som do silêncio amedrontado
E por entre pedras, xisto e granito
Veja-se esta aldeia alcandorada.


Monsanto, 18 de Junho de 2000







Etiquetas:

quinta-feira, março 02, 2006

Altered books # 2







descodificar mensagens traduzir? palavras Torre de Babel. O eco desapareceu.



Etiquetas:

quarta-feira, março 01, 2006

Sem título


no frio das mãos
entrego-te a noite

- degraus de cisterna


Ericeira, 26 de Fevereiro de 2006



Etiquetas: