quinta-feira, outubro 30, 2008






escorre pelo braço o som das horas tardias. memórias sazonais inquietando os dias. veredas sem saídas onde pernoitam os apelos. por entre os arbustos uma brisa adensa as inquietudes do mar. harpejos de espuma nas vibrações da cidade.

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terça-feira, outubro 28, 2008

Grito


quando os caminhos se fecham
estende-se o deserto
e nas máscaras o pó desenha
sedimentos


gritos ecoando na crosta das horas!


HFM - Lisboa, 27 de Outubro de 2008



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segunda-feira, outubro 27, 2008


Os afagos eram de areia
movediços
correndo para o mar
adensando-se em dunas
desequilibradas
poeiras soltas de anseios
colhendo o pôr do sol
na finura de cada poalha


ternuras cimentando búzios!



HFM - Lisboa, 3 de Outubro de 2008



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sexta-feira, outubro 24, 2008

Do diário





O Tempo e esta fuga desenfreada que faz com que coisas, ainda tão presentes, tenham anos anquilosando os dias. Como podem ter passado, sobre alguns acontecimentos, tantos anos? O que leva a que os dias se sucedam numa acelerada progressão geométrica que perturba as 24 horas de que cada um é composto?

Ele havia o tempo arrastado das tardes de Inverno que passavam lentas entre bebidas quentes, as braseiras e o tempo dos lanches, essa pausa hoje engolida pelas horas encolhidas.

Ele havia o tempo das férias, das tardes quentes da cidade em que os livros, devorados, nos traziam o sabor de uma viagem ou, ainda, os filmes tão ansiadamente esperados transpondo-nos para outras realidades, outras vivências, outros sonhos. Havia ainda as longas tardes quentes passadas no campo, junto à nora, depois das sestas, perto do jardim forrado a laranjeiras. Havia ainda o mês de Agosto e Setembro - 61 longos dias, de mar, de conversas, de afectos, de amores, de longas noites trepidantes, de longas pausas onde se descobriam pessoas, assuntos, olhares.

Hoje a corrida é uma soma em constantes multiplicações. Um conjunto de instantes que "n" incógnitas perseguem e que, a todas, queremos acorrer, como se tivéssemos perdido a sabedoria das escolhas, das hierarquias, até das loucuras quando, a escolha, voluntariamente, era a errada.

O que nos aconteceu? Perdemos o tino? Não seremos capazes de enfrentar as modas, os tiques, os contágios?

Tempo para o Tempo é, ainda, para mim, uma grande máxima de vida mesmo que, conscientemente, saiba que no percurso vou perder muitas descobertas; contraponho, vou saborear, como uma iguaria ou um vinho raro, o prazer da escolha e os "apports" que ela me tiver oferecido.

No Tempo, como nas aguarelas, less is more.


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quarta-feira, outubro 22, 2008

Sem título


A serenidade encontro-a
num azul mar ou
num siena de um outono do Norte


silêncios que nenhuma complementaridade
perturba.


HFM - Lisboa, 9 de Outubro de 2008



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terça-feira, outubro 21, 2008

A não perder




Vale bem a pena observar o traço de alguns escritores e sobretudo o movimento de alguns desenhos.

O que serve de capa ao folheto é uma bela carta de André Breton com o seu auto-retrato em fundo.

Tocante ainda uma forte aguarela de George Sand de 1870 com um certo pendor modernista.


Jacques Vaché
Foot-ball - Un arrêt de dribling, Ink

para mim uma descoberta.


Para além destes tantos e tantos outros que me retiveram a atenção e que guardei no meu imaginário.


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domingo, outubro 19, 2008


Quando eras
os olhos azulavam a noite
as tuas mãos congregavam as estrelas
o meu sorriso, o mar
e as palavras que nos uniam

Quando eras
a melancolia subia as arribas
na cadência da lua
e um sorriso quase dor
acrescentava nos meus lábios o sentir

Quando eras
a juventude agasalhava a noite
numa dança de ternuras
e o pão quente amassava
o desejo que sentíamos

Quando eras
o infinito existia.


HFM - Lisboa, 17 de Outubro de 2008



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sábado, outubro 18, 2008

Um já velhinho




a temperatura da alma
oscila-me os nervos
cercando os seus limites
quase a rasar o vermelho
vibrações
no outro extremo
volatilidades
suspensa na linha da temperatura
como num trapézio
salto de mim para mim.

Lisboa, 5 de Outubro de 2008

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sexta-feira, outubro 17, 2008

Anoitecidos


Esguias filtram-se em labirintos luminosos. Linha de iniciados. Viciados. Atropelam-se na premência de cada rajada que soltam. Ausentam-se. Retornam. Purificam-se. Purificam-nos.

São as palavras que o vento escreve, como um estigma, na nossa textura. Pele com que cobrimos o cansaço dos passos desprotegidos. Erráticas formas que inventámos para nos construirmos.

Noite onde habitam todas as ausências e os rasgos. Filtros onde nos acolhemos.

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quinta-feira, outubro 16, 2008





A minha amiga ad astra distinguiu este blogue com o "Prémio Dardos", no qual

"se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.

Quem recebe o “Prêmio Dardos” e o aceita deve seguir algumas regras:


1. - Exibir a distinta imagem;

2. - Linkar o blog pelo qual recebeu o prémio;

3. - Escolher quinze (15) outros blogs a que entregar o Prémio Dardos.


Dando cumprimento às regras, aqui estão os escolhidos:

8ª Edição

Absorto

Aldina Duarte

Bandida

Bons Tempos Hein!

Encosta do Mar

Finisterra

Largo da Memória

O Mar Atinge-nos

Ortografia do Olhar

Poesia dos Dias Úteis

Podiam Ser Mais

Relógio de Pêndulo

O Sítio do Poema

Vida de Vidro


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terça-feira, outubro 14, 2008



*


O fio do passo que passa - passante ao largo. Estrangeiro de si. Puzzle sem peças. Pele de oração num traço desfeito. Sombra ou silêncio.

Talvez só memória.




HFM - 14 de Outubro de 2006



* daqui


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segunda-feira, outubro 13, 2008


O rio e o poço escondendo a água no fio da miragem. Repouso no cheiro da mancha que adivinho. Uma máscara que dessedentei. As palavras rasgando o papel e o fio da memória que me conduz à foz. Adio a respiração e sonho-me infinito.

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domingo, outubro 12, 2008

Repetindo uma citação que já por aqui andou



Os homens, as mulheres viviam assim, sempre a andar, sem encontrar descanso. Morriam um dia, surpreendidos pela luz do Sol, atingidos por uma bala inimiga, ou então consumidos pela febre. As mulheres punham os filhos no mundo, simplesmente acocoradas na sombra da tenda, amparadas por duas mulheres, com o ventre comprimido pela grande faixa de pano. A partir do primeiro minuto da sua vida, os homens começavam a pertencer à extensão sem limites, à areia, aos cardos, às serpentes, aos ratos, ao vento sobretudo, pois era essa a sua verdadeira família. As meninas de cabelo cobreado cresciam, aprendiam os gestos sem fim da vida. O único espelho que tinham era a extensão fascinante da planície de gesso, sob o céu unido. Os rapazes aprendiam a andar, a falar, a caçar e a combater, simplesmente para aprenderem a morrer na areia.


DESERTO - J.M.G. le CLÉZIO

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sábado, outubro 11, 2008

Citando # 193


Em Finita, Maria Gabriel Llansol dá-nos uma chave preciosa: ”Interesso-me por uma frase, por um fragmento do texto, e, muito raramente, por todo um livro que leio lentamente.” Está aqui a diferença. Eu não posso ler Llansol “como se lê um romance” – na precipitação ofegante de chegar ao fim. Leio Llansol de lápis na mão, porque é o lápis que me impõe a demora, que me entrava no texto. Isto é, detém-me, contém-me diante da palavra seguinte, obriga-me a voltar atrás, a enredar-me no desenho da escrita. Para mim, há dois tipos de livros muito diferentes: aqueles que se lêem sem lápis na mão, e os outros. Esta distinção não é homóloga à distinção poesia-e-ensaio/ficção. Como é óbvio, eu só posso ler Diderot, Thomas Mann, Musil, Kundera ou Agustina, com um lápis. (Pergunto-me: quantos críticos portugueses sabem ler com um lápis na mão?).


Eduardo Prado Coelho – tudo o que não escrevi – vol. I



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quinta-feira, outubro 09, 2008

Palavras


Fortes, gritem as palavras. Como se fossem ferro rangendo. Como o grito do condenado.

Gritem. Esbracejem. Carreguem em cada traço a revolta. A revolta por serem escritas por outros.




Apaguem cada vogal, cada consoante e, num desvario, autoescrevam-se como numa morte anunciada.

Palavras assinadas por palavras.

Puras. Desvairadas. Autónomas.

Em liberdade.



imagem daqui - http://www.flickr.com/photos/surrealmuse/4757004/

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segunda-feira, outubro 06, 2008



Sere-
níssima




Veneza está aqui sob os meus olhos! Esplêndida nos alongados matizes da sua laguna, na cor das suas casas, nas inúmeras pontes que a unificam sob um sol quente. Cheira a maresia e o musgo está mais acastanhado. De pé, num ponto mais alto, avisto a ilha entre as ilhas. Se a memória não me estiver traindo, é aquela onde passei um Verão com o pai. Onde fui feliz. Onde o tive só para mim. O nome foge-me nos lábios que a não sabem pronunciar. Não era Murano de que ambos não gostámos. Não era Burano onde vínhamos frequentemente sempre que eu sentia saudades do arco-íris e onde, num dia de sol, dançámos os dois na praça da igreja ao som de uma música que só nós ouvíamos. A outra, era uma ilha com ruínas onde o pai desencantava peças antigas que, depois de longo estudo, datava, colocava os vários “cacos” em caixas próprias que, devidamente embaladas, eram enviadas para Turim onde eram limpas, levemente restauradas - contrariamente aos desejos do pai - e em seguida reenviadas para a ilha e colocadas no Museu que, ao tempo, era apenas constituído por duas salas quase nuas.

Continuei a deixar o olhar divagar. Procurei a ponte junto à Academia onde o pai gostava de me levar e, onde, manhã cedo, sentados nos degraus me ensinava o cuidado e rápido processo das aguarelas. Ainda devem estar algumas na pasta verde e preta do escritório onde o pai as guardava com todos os meus desenhos.

Deixei o olhar correr para a direita e com o leão da Praça de São Marcos a servir de baliza descortinei aquela igreja que parecia erguer-se da água – S. Giorgio Maggiore onde uma paragem era sempre obrigatória, não por qualquer rito religioso mas para olharmos Veneza e a laguna do alto do seu campanário ou, a horas em que não houvesse turistas, nos colocarmos na coxia da última fila de bancos a olhar a laguna; parecia mesmo que aquela porta desaguava na água pontilhada com as cúpulas de La Salute. Um frio percorreu a minha mão como se nela se tivesse vindo colar a do pai.

Começava a andar na direcção das pequenas ruelas e dos pequenos braços de água que cozem a trama da cidade do lado esquerdo do Gran Canal quando ouvi a voz poderosa e autoritária da minha avó:

- Madalena, saia daí, não vê que a maré está a encher e se cair vai aleijar-se nas rochas dessa poça?!

- Já vou, avó.

- Despache-se.

É sempre assim. Há sempre alguém a interromper estes momentos de íntima paz, silêncio e sonho.

A custo deixei aquelas poças junto às pedras que formam o pontão; a maré baixa estava a avançar em direcção à preia-mar e, daí a pouco, também já nelas seria impossível descortinar Veneza. Abandonei aquele lugar cabisbaixa e tristonha. Quando cheguei ao toldo que minha avó mantinha, invariavelmente, todos os anos, em Agosto e Setembro, perguntei-lhe:

- Avó, lembra-se do nome daquela ilha, perto de Veneza, onde o pai fazia escavações?

- Torcello; porquê?

- Estava ali a olhar as poças e nelas a ver Veneza, a laguna, os palácios, os...

- Chega, Madalena! a menina já não tem idade para viver sempre a sonhar. Isso até lhe faz mal! Se se empenhasse em ser como as outras meninas da sua idade, seria bem mais feliz. O mal foi a sua mãe ter consentido que o seu pai a levasse muito mais tempo do que o estipulado pelo tribunal. Ficou assim, meia aluada, como ele! E agora já é tarde, sobretudo depois de ele lhe ter deixado aquele casarão cheio de tralhas; o seu pai só quis prolongar em si esse reino da fantasia. Viva e deixe-se dessas tretas!


Calei-me. Não valia a pena explicar-lhe que a única coisa boa que eu guardo dessa separação traumática foi os meus pais nunca se terem desunido no que a mim dizia respeito.

Olhei para a minha Veneza que a maré a encher ia desfazendo e, entre céu e água, julguei descortinar um sorriso.




HFM - Ericeira, praia do Sul, 19 de Setembro de 2008



Nota: pequeno conto escrito depois de ter estado entretida a olhar as poças da maré baixa e a pensar nas fantasias que eu criava, quando criança, como o célebre sangue do Capitão nas rochas das Furnas – um conto um dia a escrever.

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sábado, outubro 04, 2008

Mamma Mia!




Meryl Streep sempre!


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quinta-feira, outubro 02, 2008

Do diário


Ericeira, Esplanada da Praia do Sul, 25 de Setº 09



Descobri na minha última ida à praia que as folhas em branco, no final dos livros, são um excelente suporte para estas escritas avulso que o momento fustiga.

De novo, aproveitando as que descobri no livro que ando a ler – uma biografia de Gaudí – estendo os olhos sobre o mar, logo aqui em baixo, e deixo que a água invada as memórias sem grandes diálogos ou interrogações.

Sobre a direita a íngreme ladeira onde sempre revejo a minha mãe. Nos meses de sol, quando saíamos da praia, talvez com o peso dos diabetes, a minha mãe resmungava sempre com a subida e interrogava os céus porque não haveria de haver ali um tapete rolante. Hoje, pernas mais musculadas, a ladeira não me arranha as pernas só a saudade dessa mãe que os deuses levaram precocemente. Aliás nunca a procurei no cemitério, aí só encontro o vazio e o silêncio e dela ressoa ainda, em mim, as suas gargalhadas, a festa da vida e um humor nada português.

Na minha frente o mar, pouco roncão para esta época de equinócio que já se desfaz em Outono. No mar só vejo a criança/adolescente e o seu Verde-Leão dos Mares com que desafiava as ondas em carreirinhas junto às rochas donde, frequentemente saía com grandes arranhões – as medalhas de bom comportamento, como o meu pai lhes chamava. Horas e horas a entrar na água com o primeiro e a sair com o último já que a água fria desta Ericeira nunca me incomodou. Esporadicamente uma saída de dentro de água para vir trincar os mimos que a mãe tinha sempre no seu grande saco e, mesmo nessa altura, colocava-me à sombra do toldo – o sol sobre a pele sempre me fustigou.

À esquerda, o morro; hoje embelezado, melhor destruído pela cisma da construção sobre as arribas e pela erosão do tempo que transformaram a Sala de Visitas num comum miradouro sem os sucessivos patamares em escada sobre o mar; morro, hoje, engaiolado, numa rede que tenta fixar a terra e as pedras e no fundo do qual resolveram colocar umas palmeiras! As palmeiras que importámos como se da nossa flora fossem obra! Morro que as crianças de hoje já não podem escalar como nós o fazíamos!

Por cima o céu, azul e imenso. Infinito. O tecto preferido da minha infância.


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quarta-feira, outubro 01, 2008

Do diário


Há momentos em que dentro de mim não sou eu. Outra. Alguém que me fita sem me conhecer. Uma vindoura que não conviveu comigo. Que não foi. Oiço-a e as palavras não são minhas, muito menos os tiques. Quem colocou dentro de mim esta? Porquê assim? No vazio dos dias que se seguem a uma insónia é sempre outra que me atormenta como se a porta tivesse ficado aberta e eu tivesse partido para ir dormir.

Podes-te calar, ao menos? Deixa que os solavancos da vida me adormeçam sem que este eco pertinente ferre os dentes nas minhas dúvidas. Deixa que o dia suceda ao dia sem me instalares a dúvida das horas que restam. Deixa que, por entre a chuva, eu sinta o sol. Deixa que a simplicidade dos néscios invada os gritos da ansiedade. Deixa. Deixa, ao menos, que eu e tu convivamos como se fôssemos uma. Deixa que o sal traga o sabor dos dias de sol e de preguiça. Deixa, deixa que eu te esfole para que de ti só reste a pele acobertando os meus minutos. Deixa, já que eu não consigo deixar que tu existas.


HFM - Lisboa, 31 de Outubro de 2008



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No teu dia


Fazes-me falta quando os dedos
estalam no vazio
e a luz é oca de imagens
Fazes-me falta nas tardes de vento
quando no cabelo se ausentam
os dedos
Fazes-me falta na ferida dos dias
quando na frescura das marés
não se encontram vultos


Fazes-me falta
e não sei como te dizer!


HFM - 1 de Outubro de 2008



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