quinta-feira, maio 31, 2007

Money makes the world go round


A partir de hoje este Papa irá confortar pessoalmente durante um minuto todos os pais de crianças desaparecidas e abençoar os seus retratos.

Estou a deduzir correctamente, não é verdade? É que apesar de não ter passado por isso e não ser monárquica, nunca gostei do Mapa Cor de Rosa e de todos os seus resquícios.


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Whatever will be, will be...


Juízes?

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quarta-feira, maio 30, 2007


tocam os dedos nas palavras
soltam-se as sílabas ao vento.


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terça-feira, maio 29, 2007

Un Homme et Une Femme - Claude Lelouch (1966)




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segunda-feira, maio 28, 2007





quando a madrugada te procurar
oferece-te.


HFM - Lisboa, 7 de Maio de 2007



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domingo, maio 27, 2007

Wadi Rum: in the footsteps of Lawrence of Arabia


Na sequência do post anterior e com destinatária




Wadi Rum

O ocre aperta a sede
na miragem
espelhando a dúvida
calcinadas estão as palavras
e os sentidos
são de areia os momentos
e a febre fixa-se
no brilho das galáxias.

Aí depuro os excessos
em pedras, pó e água.



HFM - Lisboa, 7 de Março de 2006 - poema que já por aqui andou e com a mesma dedicatória.



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sexta-feira, maio 25, 2007

À margem de um livro


Os olhos percorrem as letras, desembocam nas palavras, atingem a frase e o cérebro apossa-se dela dando-lhe significado, despojando-a do supérfluo ou abandonando-a à metáfora.

Assim estavam os seus olhos e o seu cérebro. Os olhos moviam-se rapidamente, estavam bem treinados para isso, o cérebro registava a ideia, a imagem, a impressão, a teoria. Mas não se ficava por aí. Analisava-a. Procurava o que estava oculto no meio de tantas letras. Aprendia quando desconhecia, rejubilava quando encontrava empatias, endurecia quando os sentimentos eram opostos, lutava quando a sua resistência se esfumava.

Assim estavam os seus olhos. Particularmente aderentes naquele capítulo III. Sentia que todos, hoje, deveriam ler aquelas palavras, aquela análise explanando a natureza do árabe. E o seu cérebro fez mais uma ligação nessa rede de nodos que o habitam, lembrando-se de quem lhe despertara o interesse por esse livro de que já tanto ouvira falar - OS SETE PILARES DA SABEDORIA. Não descansara enquanto o não comprara e, enquanto lera esse capítulo, de novo pairara sobre ela a ideia que sempre a perseguia. Quantas pessoas já o teriam lido antes de si? Quantas? Muitas, seguramente. Com que motivações? Diferenciadas. Qual o tipo de leitura? Ora com um interesse sumário e distanciado ora com o vínculo de estudar essa figura ímpar que fora Lawrence ora numa tentativa de compreender esse povo do deserto. Ou ainda por tantas outras razões que ela não conseguia verbalizar.

Houve sempre alturas em que pensou que, de alguns livros, deveriam registar-se as impressões após a sua leitura e publicá-las ou pelo menos, de alguma forma, ficarem acessíveis ao público eventualmente interessado. Não como verdades absolutas ou condicionantes de outras análises mas com a pureza de cada interioridade e de cada compreensão. Assim se poderia confrontar e alargar a limitada análise das palavras e da compreensão de cada livro.

Contraporeis que há muitas análises de livros. Certo. Mas quem garante que são elas as melhores? Que não houve um anónimo leitor, vulgar, sem credenciais, sem acesso a editores que dele fez a mais magnífica das abordagens, a mais sublime leitura?

Tudo isto lhe lembrava o que sempre havia sentido quando se recriava, observando um edifício fosse ele um palácio, um castelo, uma abadia, uma catedral, uma ponte, etc. Dele apenas conhecia, quando era o caso, o(s) nome(s) do(s) seus(s) arquitecto(s) e sempre, se a memória o não tivesse enterrado, o(s) nome(s) de quem o mandou construir; o nome dos diversos artistas que lhes deram vida, forma, beleza e o transformaram nessa grandiosidade perene estava, geralmente, envolvido no mais completo silêncio. Ainda hoje julga que o esquecimento desses vultos de sombra deve ser o preço a pagar para que essa obra continue eternamente bela.

Recordava um livro que tinha lido em que o personagem dizia frequentemente: “- Quando eu for ditador farei isto, aquilo, aqueloutro...”. Não raras vezes lhe apetecia dizer: - Quando eu mandar, por cada livro lido a pessoa deverá fazer uma apreciação crítica por escrito que, obrigatoriamente, se juntará a esse livro numa determinada biblioteca para o efeito criada, biblioteca essa aberta a todos que queiram confrontar-se com a informação e análise sobre cada livro aí residente. Troca de ideias geradora de impulsos interrogativos, os únicos que levam o homem a ultrapassar-se.

Perfeito disparate?

Nem lhe interessava a resposta. Muitos terão sido os que se debruçaram sobre este livro, sobre a vida de Lawrence, sobre os locais por onde ele andara e ela, ali sentada no sofá, estava privada dessa informação, desse conhecimento que, para além das palavras de Lawrence, poderiam alargar e engrandecer a análise sobre o assunto. Contrariamente ao que hoje é socialmente correcto, ela não pensava que as suas ideias e opiniões fossem as melhores, que a sua análise fosse a mais pura, que as suas deduções fossem as primevas.

Sabia que somos apenas sedimentos e que é do confronto que nascem as pistas e que é nelas que o caminha se purifica.




hfm - Lisboa, 17 de Setembro de 2006


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quinta-feira, maio 24, 2007

Esquisso


As mãos apertam a dor e a rotina
a solidão encerra-se nos dedos.



poema feito no Metro olhando as mãos da pessoa que se encontrava na minha frente.

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quarta-feira, maio 23, 2007

Ele há dias felizes


Ontem foi um dia de emoções, comoções, felicidade, enternecimento, paz e alguns outros sentimentos que nem consigo desdobrar.

Via mail recebi as palavras de uma amiga que muito me toca e que há anos não ouvia, não lia, não dialogava.

Seguiu-se o vídeo que aqui encontrei, local onde sempre recolho uma paz muito especial.

Aqui alguém aprofundou nas palavras de Camus o que os meus olhos viram e a sensibilidade captou.

De novo via mail um amigo entregou-me em palavras a cidade de Londres reavivando as minhas e as suas memórias num daqueles diálogos de complementos.

Também neste dia uma amiga especial, irrequieta e efervescente me brindou com a sua presença e com mais um dos seus dislates.

E nem eles sabiam como este dia conta para mim.

Obrigada.


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segunda-feira, maio 21, 2007

Os sketch books de antanho


a primeira vez que as vi foi assim que lhes chamei. Este ano esperava em Pisa ir ver o Museu das sinopies (desenhos feitos com contornos de uma cor vermelho acastanhado eram feitos com terra de Sinope, nome da localidade, por cima dos quais eram pintados os frescos; uma espécie de esquisso para permitir uma pintura rápida indispensável na técnica do fresco que seca muito rapidamente sem permitir grandes retoques) mas infelizmente estava fechado para obras.

Contudo os meus olhos maravilharam-se com outros que fui encontrando em diversos locais. Deixo-vos, em baixo, alguns exemplos. Nem sempre da melhor qualidade pois a luz, as pessoas, ou a minha inabilidade não permitiram a sua optimização.






Estes dois são de Santa Maria Novella. O primeiro foi talvez o mais belo que vi. O segundo um tratado de marcação de planos.







Estas sinopies são de La Badia em Florença um mosteiro benedictino no centro da cidade, em frente ao Museu Bargello, cuja última remodelação foi feita no séc. XVII. A igreja tem um imponente tecto em caixão de madeira rendilhado e algumas boas pinturas. Contudo, o que mais gostei foi do pequeno claustro onde se encontram os frescos e as sinopies.





os frescos a que se referem as sinopies.

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domingo, maio 20, 2007

Citando # 171


Entre deux mots, le moindre.

Paul Valéry



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sexta-feira, maio 18, 2007

Do diário


Edward Hopper, Rooms by the sea



Calor e uma brisa corrida a vento cerca de neblina o horizonte. Presságios? Promessas? Ou o quotidiano esfumando-se na imponderabilidade. Tempo de outros tempos. Texturas em reciclagem. Só a certeza do dia, da claridade, do sol, do calor e de tudo que os dedos pressentem e não sabem desenhar, das emoções não esclarecidas infiltrando-se na penumbra de um seguro ocaso.

Imponente, ao longe, o Cabo afirma-se como uma sentinela.


Ericeira, 17 de Maio de 2007


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quinta-feira, maio 17, 2007

SONHO


escrever um poema num cm2 de papel
nele caberia tudo, menos o desperdício.


HFM - Ericeira, 15 de Maio de 2007



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quarta-feira, maio 16, 2007




para S.



A beleza de que ele gostava e que criava - o silêncio e o gelo que se me colou à pele quando soube que tinha partido.

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terça-feira, maio 15, 2007

Anoitecidos


Sem luz, sem sombras, só a tessitura dos fantasmas que me habitam.

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segunda-feira, maio 14, 2007

Olha logo que dois...


e ficaria a ouvi-los toda a tarde já que hoje, para além do silêncio, só estes duetos.




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domingo, maio 13, 2007

Sem título











só a imensidão
oceano derramando neblinas


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sexta-feira, maio 11, 2007

Resposta a uma provocação


Em resposta ao desafio da Isabel e do seu Piano.


(*) Um "meme" é um " gene cultural" que envolve algum conhecimento que passas a outros contemporâneos ou a teus descendentes. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma".


Quer pouco: terás tudo.

Quer nada: serás livre.


Ricardo Reis




e agora em tom provocativo passo a bola a:



Arestália

Diafragma

Expresso do Oriente

Finisterra

Navegar é preciso


e desculpem lá qualquer coisinha...


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Citando # 170


Não há meio de me curar desta minha ancestral tendência contemplativa, embora lhe reconheça inestimáveis virtudes: ao criar-me intervalos no tempo, liberta-me de tanta coisa!

Marcello Duarte Mathias



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quarta-feira, maio 09, 2007

Sem título


fotógrafo: Ian Britton



não lavres a palavra
despe-a
seguirá o eco


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terça-feira, maio 08, 2007

Links


Finalmente tive um pouco de tempo para tratar da coluna de links aí ao lado. Ainda hesitei e quase que a apaguei, é que mantê-los em dia é quase impossível e tinha-os desleixado completamente. Mas olhar para alguns nomes de blogs que me são caros foi o suficiente para não o fazer e tentar refrescá-los. Retirei os entretanto desaparecidos ou outros que já nada me dizem e, para já (terá de ir a pouco e pouco) acrescentei outros que já lá deviam estar há muito tempo cujo nome encontrarão aí em baixo e os links na sua coluna respectiva. Quando voltar a actualizar tornarei a dar notícias.


Ana de Amsterdam
Ave-Azul
Bandida
Blue Moleskine
Bons Tempos Hein!
Coração de Papel
Da Literatura
Prima Scripta
Puro Instinto
Relógio de Pêndulo
Viver na Alta de Lisboa
Webclub
Words


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segunda-feira, maio 07, 2007

O inesgotável mundo do nunca visto




Tudo é pouco do que vimos face ao incomensurável que fica por ser visto.

Qualquer viagem é apenas uma infinitésima parte do muito que há para ver. Tantos locais, tantas coisas, tantas gentes. E as paisagens que os aviões apagam? E as caminhadas que nenhuns pés suportam? E o infindável mundo das grutas inexploradas?

Fixemo-nos nas coisas simples. Até pode ser naquelas que apenas ouvimos contar, do cinema ou da televisão e que nunca experimentámos.

Veio-me tudo isto à ideia quando abri a televisão no Eurosport e estavam a dar saltos de ski. Pensei no que sentiriam aquelas pessoas cá em baixo vendo os saltos quando, planando sobre elas, um Ícaro humano, as vai sobrevoando.

É nostálgica a certeza da imensidão que nunca conquistaremos - as gélidas montanhas junto aos pólos, o deserto, as cidades perdidas e as que estão por criar. Talvez daqui decorra o meu prazer em viajar de carro quando, numa qualquer bifurcação, eu posso sempre escolher; é um decisão minha e, quantas vezes, a melhor tem sido a que, desafiando qualquer mapa, me leva por caminhos poucos vistos.

Viajante de mim recrio-me nas pegadas, no palimpsesto e desemboco na estrada do inesgotável mundo do nunca visto.


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domingo, maio 06, 2007

No dia da mãe um poema antigo


NO TEU DIA E NA TUA AUSÊNCIA

Sobra nos anos a solidão
e a memória.
Secou a água nas jarras
e nem o calor
hoje, invade a varanda.


Esfuma-se a tua imagem
perdidos que foram os risos
avolumando nos sentires a revolta
e as rainhas-cláudias perderam o sabor
quando se substituíram às caranguejas.


Restam as mãos que te sabem
e a dor da desfocagem
que nem as fotografias corrigem.


E eu, qual lenda antiga,
prossigo inabalavelmente
demandando o teu líquido amniótico.



HFM - Lisboa, 30 de Junho de 2005

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sexta-feira, maio 04, 2007

Citando # 169


« Il y a des moments dans la vie où la question de savoir si on peut penser autrement qu’on ne pense et percevoir autrement qu’on ne voit est indispensable pour continuer à regarder ou à réfléchir. On me dira peut-être que ces jeux avec soi-même n’ont qu’à rester en coulisse ; et qu’ils font, au mieux, partie de ces travaux de préparation qui s’effacent d’eux-mêmes lorsqu’ils ont pris leurs effets. Mais qu’est-ce donc que la philosophie aujourd’hui – je veux dire l’activité philosophique – si elle n’est pas le travail critique de la pensée sur elle-même ? Et si elle ne consiste pas, au lieu de légitimer ce qu’on sait déjà, à entreprendre de savoir comment et jusqu’où il serait possible de penser autrement ? Il y a toujours quelque chose de dérisoire dans le discours philosophique lorsqu’il veut, de l’extérieur, faire la loi aux autres, leur dire où est leur vérité, et comment la trouver, ou lorsqu’il se fait fort d’instruire leur procès en positivité naïve ; mais c’est son droit d’explorer ce qui, dans sa propre pensée, peut être changé par l’exercice d’un savoir qui lui est étranger. »



– Michel Foucault, Histoire de la sexualité II. L’usage des plaisirs

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quinta-feira, maio 03, 2007

Notícias da "saga neteira"


Depois de grande discussão com os óptimos e profissionais serviços da PT e, depois de dizer que ou hoje vinham cá ou eu apresentaria por escrito reclamação aos competentes serviços + Administração + Deco rapidamente tive cá um técnico que me deixou a net a funcionar com uma velocidade do tempo dos trogloditas... amanhã (será?!!!) talvez cá venha outro técnico (parece que os senhores são muito especializados...) pois o mal está nas linhas e eles têm de ver em que troço (será assim que se diz? pouco interessa!!!) isso se passa para procederem à respectiva reparação. Se ainda me deixarem com esta rede do tempo da pedra lascada pelo menos ainda vou tendo acesso senão, talvez com tanta especialidade e profissionalismo, eu vagueie no tempo entre a Pedra Lascada e o sec. XXI, quanto tempo levará isso?

A única coisa que eles (PT) ainda não conseguiram foi fazerem-me perder o sentido do humor - grande receita para viver neste país onde o cliente paga e paga bem para obter serviços sem qualidade e com um elevado déficit de profissionalismo.

Não vou "cantando nem rindo" pois já há alguns aninhos que me habituei a viver em Portugal!

A saga prossegue e será bom se, mesmo em forma de folhetim, eu lhe conseguir dar continuidade.


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quarta-feira, maio 02, 2007

Até já


não, não, infelizmente não estou de novo de partida. A net é que anda a querer ver-me de partida. A partir de hoje e até que os competentes senhores das nossas grandes empresas resolvam o problema eu terei de dizer até já. Quanto tempo? perguntem às nossas pseudo-multinacionais! ;)

Deixo-vos com um pequeno poema.



INATINGÍVEIS

cinzela as palavras
o escopro as depurará.


HFM - Florença, 21 de Março de 2007



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terça-feira, maio 01, 2007

Livro


Nada reverte do acaso
numa árvore: o número de folhas
ou os desenhos do tronco
estavam inscritos no Livro.



Ao jcb um obrigada.

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