domingo, fevereiro 25, 2007

De partida





Dentro de dois dias partirei para Itália - Milão - Florença e outras terras da Toscana.

Virei aqui com menos frequência, mas virei, sempre que o tempo e um posto de Internet mo permitam. Vou também de férias do computador!


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sábado, fevereiro 24, 2007


Nós inventamos. Nós bordamos o passado. Nós retocamos a memória. Nós recriamos a vida e a dor.

Nós inventamo-nos.


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sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Das conversas mínimas


os passos da noite aceleram na vibração
as imperfeições e aumentam
o ruído do instante
mexendo-se por entre o tempo
qual pequenino deus brincando
em surdina para que não lhe ralhem
aqui abrindo uma porta além
na secura das tábuas
construindo uma pista
ali devorando insatisfeito
o projecto enternecido

e do deus pequenino a mão
solta nas palavras o eco
cumprindo o ciclo.


HFM - Lisboa, 21 de Fevereiro de 2007



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quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Agradecendo


O Eduardo ontem colocou na cx de comentários do post anterior este belíssimo poema, há que lhe dar relevo.

Claridade

A claridade aflorava por debaixo das portas
Uma nesga horizontal floria a horas mortas

E os sons longínquos das vozes ressoavam
E sorriam à luz dos rostos que me amavam


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quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Sem título


A noite não traz as encostas
nem os lírios
tão pouco as escarpas
onde seca o rio
e se de madrugada
corre a bruma
é um espasmo de verde
no sabor da aurora.

Oculta-se nas jeiras a claridade.


HFM - Lisboa, 16 de Fevereiro de 2007



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terça-feira, fevereiro 20, 2007

Fui no domingo ver a exposição de Columbano Bordalo Pinheiro no Museu do Chiado organizada de forma cronológica e mostrando os primeiros anos da vida artística do pintor. Os anos posteriores parece que ficam para outra exposição em 2010.

Gostei q.b. Grande retratista mas as suas cores, demasiado escuras e acastanhadas, não me "agarraram". Talvez por isso tenha aqui colocado um retrato de Bulhão Pato onde a sua paleta se suavizou.

Vale pelo estudo de uma época.


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domingo, fevereiro 18, 2007

Do diário


Eles dizem e desdizem-se com a maior naturalidade. Eles hoje estão, eles amanhã batem com a porta como se tudo fosse apenas um jogo. Eles sorriem sempre como se o sorriso fosse a moeda de troca. Eles levam-se muito a sério como se a sua razão fosse a teoria que domina o mundo. Eles desprezam-nos porque nós nos aconchegamos.


HFM - Lisboa, 17 de Fevereiro de 2007



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sábado, fevereiro 17, 2007

Inspirado na quadra


PALIMPSESTO DE ESPUMA


Por entre pontes e colunas deambulava. Ausente. Desconhecia-se. Interrogava-se. A espaços intermitentes deitava a mão à cara e tirava uma máscara que guardava no longo manto preto. Antes de retirar a última voltava a colocar todas numa alucinante sucessão.

Quando lhe perguntavam porque o fazia, respondia: - Porque tenho medo de desaparecer ao tirar a última máscara!



HFM - Lisboa, 16 de Fevereiro de 2007



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sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Sem título


esparsas
inomináveis
crescem as palavras


opúsculos de solidão.


HFM - Lisboa, 15 de Fevereiro de 2007



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quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Do diário


Quando há um encontro entre mim e eu própria a tarde é de sintonia perfeita. Uma paz sem rosto, mas presente, invade a vivência, rodeia-me e a leveza toma conta de mim e do que faço. Há uma consonância. Como que uma harmonia a que o sol, hoje, veio trazer a luz espreguiçando-se na varanda de trás o que não fazia desde Outubro. Clareia e intensifica as cores e invade o dia com promessas de aberturas.

Seguro o dia e com ele me lanço na noite.



Lisboa, 14 de Fevereiro de 2007



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quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Doutros tempos




Peter, Paul & Mary - Blow'ing in the Wind

Ainda o tenho em LP vinil - uma preciosidade - e com eles bem mais novinhos!


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terça-feira, fevereiro 13, 2007

Sem título


da chuva enverguei o fato
cresci.

HFM - Lisboa, 8 de Fevereiro de 2007



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domingo, fevereiro 11, 2007

Ora vamos lá a arregaçar as mangas


e a fazer uma boa lei.

Eu já cumpri o meu dever e já usufruí do meu direito; agora eles que façam o seu trabalho sem tibiezas.


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Sem título









é aqui que bebo
o sol
a sina
o sal


e a ternura do teu afago.









[Image: An artificial waterfall below the surface of the earth, photographed by Siologen]

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sábado, fevereiro 10, 2007

Sem título


fugiram-me as manhãs de inverno
linhas viscosas de limos e sonhos
onde aporto as lembranças
e rego de chuva o futuro


projecção desta outra que sempre me acompanha.


HFM - Lisboa, 9 de Fevereiro de 2007



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sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Referendo



S

I

M


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quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Sem título


Desgoverna o vento a chuva
num arrepio sonoro

a água calará a sede da terra
e a seca que a fende

e a seca e a sede do mundo?


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quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Convivendo com a noite


No silêncio da noite adensam-se as frestas
aumentam as interrogações
desconcertadas
há um bulício inoperante
circunscrevendo as minhas sombras
numa rasante dúvida;
são as escamas sobrepostas
que não consigo arrancar
sedimentos envelhecidos
cuja patine sangra
quando em noites insones
se aceleram as dúvidas e da morte
se reacende a presença
a minha e a dos mortos
que carrego na ternura melancólica
de todas as perdas.

Nada se repete e eu sei
mas ainda espero do deserto
a cisterna de água pura
que a areia nunca mata
apenas disfarça.

Descalça para ela me faço ao caminho
no ocre avermelhado de todos as nascentes.


HFM - Lisboa, 29 de Janeiro de 2007



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terça-feira, fevereiro 06, 2007

Anoitecidos


São linhas de sombra. Rasgões. Insinua-se na noite a cautela.

Leve. Solta. Eleva-se a palavra. Simples. Depurada. Imprescindível.

A fuga do supérfluo nos lábios da madrugada.


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segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Sem título


não te encontrarei nas linhas da noite
a claridade transparece a tua silhueta
só o silêncio preenche os contornos
macerando nos dedos a vida

clareia no horizonte o dia!


Lisboa, 1 de Fevereiro de 2007



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sábado, fevereiro 03, 2007

Com dedicatória




Para uns pontos finais que me estão atravessados.


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olhar - espelho de sedimentos.

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sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Grande Entrevista


Isto é que eu entendo por sabedoria – o raciocínio sagaz e a sua verbalização que vi agora na entrevista na 1 ao Professor Alexandre Quintanilha feita pela Judite de Sousa.

Espantosa vivacidade e coerência de argumentação e aquilo que sempre me deixa perplexa – o entusiasmo que estas pessoas “grandes” da Ciência sempre transmitem em detrimento dos “chatinhos” das Letras. Penso que isto se deve ao necessário questionamento dos cientistas, ao seu natural assumir de que não há certezas, à sua dúvida, ao seu incansável prosseguir. Nas pessoas de Letras, com as devidas excepções obviamente, há um convencimento, um discorrer quase programado, uma falta de entusiasmo contagiante, uma verborreia, por vezes, oca e uma certa dose de satisfação endémica.

Quem me conhece deve saber o que me custa pensar assim, eu que estou muito mais próxima destes últimos; mas a verdade é a minha forma de liberdade.

Como eu gostaria de ter tido como professores pessoas como Alexandre Quintanilha, Sobrinho Simões ou aquele rapaz que vi ser entrevistado pela Ana Sousa Dias e que me despertou a curiosidade pela Teoria dos Nodos. Com pessoas assim talvez eu tivesse escolhido Ciências. Não acredito que com eles tivesse de ter perdido a paciência e o tempo, sobretudo o tempo, a saber de cor o aparelho digestivo da minhoca.


Lisboa, 1 de Fevereiro de 2007



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quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Do diário


Por entre os interstícios das letras escorre o texto – minimalismo intimista.

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