Isto é que eu entendo por sabedoria – o raciocínio sagaz e a sua verbalização que vi agora na entrevista na 1 ao Professor Alexandre Quintanilha feita pela Judite de Sousa.
Espantosa vivacidade e coerência de argumentação e aquilo que sempre me deixa perplexa – o entusiasmo que estas pessoas “grandes” da Ciência sempre transmitem em detrimento dos “chatinhos” das Letras. Penso que isto se deve ao necessário questionamento dos cientistas, ao seu natural assumir de que não há certezas, à sua dúvida, ao seu incansável prosseguir. Nas pessoas de Letras, com as devidas excepções obviamente, há um convencimento, um discorrer quase programado, uma falta de entusiasmo contagiante, uma verborreia, por vezes, oca e uma certa dose de satisfação endémica.
Quem me conhece deve saber o que me custa pensar assim, eu que estou muito mais próxima destes últimos; mas a verdade é a minha forma de liberdade.
Como eu gostaria de ter tido como professores pessoas como Alexandre Quintanilha, Sobrinho Simões ou aquele rapaz que vi ser entrevistado pela Ana Sousa Dias e que me despertou a curiosidade pela Teoria dos Nodos. Com pessoas assim talvez eu tivesse escolhido Ciências. Não acredito que com eles tivesse de ter perdido a paciência e o tempo, sobretudo o tempo, a saber de cor o aparelho digestivo da minhoca.Lisboa, 1 de Fevereiro de 2007
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