quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Convivendo com a noite


No silêncio da noite adensam-se as frestas
aumentam as interrogações
desconcertadas
há um bulício inoperante
circunscrevendo as minhas sombras
numa rasante dúvida;
são as escamas sobrepostas
que não consigo arrancar
sedimentos envelhecidos
cuja patine sangra
quando em noites insones
se aceleram as dúvidas e da morte
se reacende a presença
a minha e a dos mortos
que carrego na ternura melancólica
de todas as perdas.

Nada se repete e eu sei
mas ainda espero do deserto
a cisterna de água pura
que a areia nunca mata
apenas disfarça.

Descalça para ela me faço ao caminho
no ocre avermelhado de todos as nascentes.


HFM - Lisboa, 29 de Janeiro de 2007



Etiquetas: