Convivendo com a noite
No silêncio da noite adensam-se as frestas
aumentam as interrogações
desconcertadas
há um bulício inoperante
circunscrevendo as minhas sombras
numa rasante dúvida;
são as escamas sobrepostas
que não consigo arrancar
sedimentos envelhecidos
cuja patine sangra
quando em noites insones
se aceleram as dúvidas e da morte
se reacende a presença
a minha e a dos mortos
que carrego na ternura melancólica
de todas as perdas.
Nada se repete e eu sei
mas ainda espero do deserto
a cisterna de água pura
que a areia nunca mata
apenas disfarça.
Descalça para ela me faço ao caminho
no ocre avermelhado de todos as nascentes.
HFM - Lisboa, 29 de Janeiro de 2007
Etiquetas: Poemas HFM
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