A minha vida passa-se entre flutuações agradáveis, entre projectos de amor - às vezes consumados -.
A minha obra passa-se no meu pensamento.
E talvez seja isto o que está certo.
A minha obra é, pois, como a do fazedor de ânforas de que já falei. Dá origem a interpretações diferentes.
E a minha vida amorosa manifesta-se - só obscura para os ignorantes -. Se a manifestasse de forma explícita, talvez não houvesse um campo artístico com dimensão bastante para eu me mexer, para me satisfazer.
Trabalho como os Antigos. Escreviam história, faziam filosofia, dramas trágico-mitológicos, e tantos eram vítimas do amor, exactamente como eu.
(20-06-1910)Kavafis, Páginas Íntimas, Hiena Editora
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