Diurnos
O verde. Melhor, todos os verdes dominavam. Até no lago os nenúfares se elevavam como numa promessa de cântico em uníssono. Os edifícios da Fundação enquadravam-se no verde como se deles fossem parte mimética. Até o silêncio se comprimia para obrigar os bambus à calma que o vento permitia. A serenidade feita dia. Ou o tempo da reflexão. Ou de estudo como naquela roda de estudantes no Sítio da Oliveira.
Eu aguarelava e fundia-me nos verdes que nenhuma cor cumprirá. E a serenidade fundia-se em mim e, nestes compassos, cheguei a duvidar da pacificação... onde estaria a minha identidade? que calma era aquela? vida? sonho? ou o momento em que do turbilhão remanesce a prioridade dos dias?
O verde. Os verdes. A água. O bambu. O milimétrico desenho de um jardim onde a cidade se esconde.
Nem as palavras querem ter espaço. Pairam sobre os nenúfares, os tais que a aguarela recusou a cobrir.
Dos verdes resta a aguada, o silêncio e este haiku existencial.
Lisboa, 12 de Junho de 2007
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