quinta-feira, novembro 30, 2006

No labirinto do surrealismo




Na Perve Galeria na Rua das Escolas Gerais 17 a Alfama.

Gostei do acolhedor labirinto da galeria e particularmente destes cadavres-exquis - memória que a morte não apaga.


Nota: as fotografias dos quadros não dão a noção do que eles na realidade são.

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quarta-feira, novembro 29, 2006

De fantasia em verdade


não há escadas para o silêncio
nem trampolim para as emoções
só os tempos circundam a memória
e são vagas as imagens
diluídas pela chuva da infância


com sépia se seca o sangue!


HFM - Lisboa, 20 de Novembro de 2006



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terça-feira, novembro 28, 2006

Citando # 164


Diz todas estas coisas aos outros, mas de modo que, ao dizê-las, tu também possas ouvi-las.

Séneca



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segunda-feira, novembro 27, 2006

Vasculhando o sótão


Muito gasto, rasgado mas ainda me encontro ali, na mesa da frente, no lado das meninas, bem de frente, a terceira a contar da esquerda, com franja e um grande laço no cabelo - a escolinha, o saudoso Jardim de Escola João de Deus ali à Álvares Cabral que me ensinou, entre outras coisas, a brincar, a ler, a escrever, a moldar barro, a plantar feijões e, acima de tudo, a gostar de poesia que já nesse tempo sabia de cor.

Ao fundo não reconheço se a Sesarina está lá mas tenho saudades do seu colo e das suas palavras.

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domingo, novembro 26, 2006

Amarrações durante a Cabotagem # 3


Absorto

Aguarelas de Turner

Amoralva

Ave-Azul

Casa de Cacela

Era uma vez um girassol

Local e Blogal


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Mário Cesariny - 1923/2006




poema
Faz-se luz pelo processo
de eliminação de sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas do próprio seio dela
intensamente amantes loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem

Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina realmente os objectos
os objectos vivem às escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos e na boca

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sábado, novembro 25, 2006

é só olhar


O sol atreveu-se na chuva e paira por cima da destruição; não poderá iluminar os homens para que repensem a barbárie que andam a fazer à sua volta?

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sexta-feira, novembro 24, 2006

Anoitecidos


Quando o dia não trouxe mais do que o quotidiano fui sugar à noite aquele espaço de encontros, memórias e criatividades. Espaço onde assento os medos nas esquinas das sombras. Liberta, aspiro o ar nocturno e dessedento-me. Viajo em mim quando leves se soltam as palavras enquistadas no bulício do dia.

Momentos raros onde a mão se fez doçura e as palavras desatinaram numa sinfonia de segredos.

Até já, vou ali ter com elas.


Lisboa, 23 de Novembro de 2006



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quinta-feira, novembro 23, 2006

Junto ao rio



uma tarde bem passada aproveitando para ir ver a exposição de Graça Morais na Cordoaria Nacional. Cerca de 150 trabalhos executados pela artista - 20 anos em retrospectiva. Os quadros fazem parte da colecção da Fundação Paço D'Arcos e do seu Presidente José Pedro Paço D'Arcos. De 27 de Outº a 14 de Janº.


Gostei por nela poder seguir o percurso da artista e pela diversidade dos temas, dos médios e dos suportes. Algumas cores fortes impressionaram-me bastante assim como a sua Pietá e tantos outros. O espaço do piso inferior é, em si, um local onde o olhar se perde nos seus múltiplos arcos onde o rio, ali ao pé, pode vir descansar.

Fica a sugestão.


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quarta-feira, novembro 22, 2006

LISBOA, malgré tout


numa manhã inquieta
o olhar vadio
contornou a esquina
descambou na aguarela do rio
encostou-se à transparência
encerrou-se na luz


sublime trunfo da minha cidade!


HFM - Lisboa, 21 de Novembro de 2006



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segunda-feira, novembro 20, 2006


na inesgotável precaridade do momento
seculariza-se a montanha


HFM - A caminho da Figueira da Foz, 12 de Novembro de 2006



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domingo, novembro 19, 2006

Amarrações durante a Cabotagem # 2





Do Avesso - post XXVII

Diafragma

Nu Singular

Propylaea

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sábado, novembro 18, 2006


*
O QUE ELE PODERIA TER FEITO

se a vida lhe tivesse sorrido para além desses escassos 31 anos.

Estou a referir-me a Amadeo de Souza-Cardoso mas, neste lamento, englobo também Cesário Verde em quem pensei enquanto percorria extasiada as obras de Amadeo.

Fui hoje, 6ª feira, fazer a primeira abordagem à exposição. Não consigo ver arte a metro; e, tal como num Museu, onde chego a percorrer uma série de salas sem parar, para me deter naquelas obras que previamente seleccionei e que procuro observar e ver com a calma e o tempo que toda a arte necessita, também aqui resolvi fazer uma primeira abordagem e deter-me apenas em Amadeo ficando os seus amigos e contemporâneos para outra visita.

Estou a escrever estas linhas ainda sob o encanto que as suas cores e formas deixaram em mim. Uma pintura onde sobressaem as cores – os verdes, os vermelhos, os azuis, os ocres – e, sobretudo, a colocação destas umas em relação às outras que nada tem de aleatório. Tudo vibra na sua obra mesmo numa paisagem aparentemente serena.

No piso inferior, para além da qualidade dos desenhos, o que mais me impressionou foi ver nos retratos – pequeno formato – a utilização de técnicas antigas de afastamento versus aproximação com expressão moderna e com cores que nada têm a ver com as da antiga técnica.

Os quadros que não conhecia, fizeram desta manhã ali passada, uma constante surpresa como se tivesse mergulhado num caleidoscópio matizado de pintura.

E sucessivamente vinham-me à cabeça versos de Cesário Verde e a certeza de que muito perdemos por estes dois homens terem morrido demasiado cedo.

O que eles não teriam feito!


Lisboa, 17 de Novembro de 2006



* Entrada, óleo com colagem, 93,5 x 76 cm - CAM, Lisboa

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sexta-feira, novembro 17, 2006

Do inefável


não te direi do sorriso
quando dele só a mímica sobrou
no esgar do palhaço
e na crença da criança

ciclicamente
dançam os sonhos ao luar.


HFM - Lisboa, 16 de Novembro de 2006



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quinta-feira, novembro 16, 2006

Em Almeida



piso os séculos
na memória das pedras


asfalto de viajante!


HFM - Almeida, Novembro de 2006



Nota: A casa amarela tem na janela da direita a antiga roda. A casa de chaminé alta não sei o que terá sido mas a chaminé não condiz com o tamanho da casa. A árvore solitária nas muralhas chamou a minha atenção.







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A Tribo dos Pincéis


Acabei agora de vir da exposição que se encontra na Mãe d'Água no Jardim das Amoreiras e que se chama A Tribo dos Pincéis - começa em Roque Gameiro e seguem-se os seus descendentes. Vale a pena pelo que está exposto e pelo local que nunca é de mais visitar.


Fica lá até sábado.

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terça-feira, novembro 14, 2006

Salamanca


Salamanca é uma das cidades onde me sinto em casa - bela, cheia de recantos e surpresas e com um conjunto de monumentos que a enobrece. Mas é a vida daquela cidade de jovens, as suas ruas e, sobretudo, a grandiosidade acolhedora da sua Plaza Mayor que mais me encanta.

Revisitei alguns monumentos - a Catedral - especialmente a Velha - com o seu magnífico retábulo e a sua sobriedade; o pátio e claustros da Universidade; a Casa de las Dueñas com o seu requintado e estranho claustro onde se desfruta uma paz que sempre me acolhe. A juntar a isto fui (re)olhar os outros locais e percorrer, à exaustão, as suas casas, as suas ruas e aquela curiosa Virgen de la Escuela que trago em mim.

Tive ainda a sorte de encontrar a exposição de Goya a Gauguin - obras do Museu de Belas Artes de Bilbao. Não se encontravam ali obras primas mas, entre outros, não esqueço as litografias de Cézanne que, a meu ver, foram os estudos para a sua tela Les baigneuses e um pequeno quadro de Picasso, dos seus 19 anos, onde a mancha e o cubismo já se começavam a esboçar - completamente diferente de tudo que o rodeava. Uma grata surpresa.



Seguem algumas fotografias:

As cupulas da catedral



O claustro do Mosteiro de las Dueñas



Mais do Mosteiro de las Dueñas



A Plaza Mayor


No post abaixo a célebre Virgen de la Escuela e outras fotos.

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Virgen de la Escuela



Retábulo do altar-mor da Catedral Velha - 1445


Entrada para um dos pátios da Universidade


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segunda-feira, novembro 13, 2006

De regresso


depois de cinco dias bem e variadamente preenchidos.

Começo por esclarecer algumas dúvidas e perguntas que surgiram quer nos comentários quer no mail. Por erro meu não esclareci que antes de ir para Salamanca permaneceria uma noite em Ciudad Rodrigo onde iria ver a tal exposição

Kyrios - Las Edades del Hombre

Cito, em tradução livre, o catálogo: O itinerário das exposições de Las Edades del Honmre que desde 1988 percorreram as sedes episcopais da comunidade de Castela e Leão e as cidades de Amberes e Nova York, culmina agora com a celebração da sua décima terceira exposição na Catedral de Ciudad Rodrigo, entre os dias 9 de Junho e 8 de Dezembro de 2006.

Por um feliz acaso em mil novecentos e qualquer coisa numa ida a Salamanca deparei-me com esta exposição - magnífica, grandiosa, com imensas obras de arte acompanhadas por um jogo de luz e som onde não faltaram vídeos de Buñuel e outros meios visuais. Estendia-se esta exposição pelo soberbo conjunto arquitectónica da Catedral Velha e Nova de Salamanca onde o retábulo do altar-mor da Catedral Velha era como o culminar e a síntese de toda a exposição ainda por cima acompanhado por uma música que simultaneamente nos inquietava e pacificava.

Perdi outras exposições mas quando tive conhecimento que ia terminar em Ciudad Rodrigo, não podia falhar. Apesar de algumas obras expostas serem de primeira água o conjunto da exposição deixou muito a desejar e tenho a dizer que, pelo meu olhar, não fechou com chave de ouro. Valeu a viagem mas penso que a Fundação Las Edades del Hombre poderia ter ido mais longe na apresentação, na música e sobretudo na parte audiovisual - extremamente pobre.

Como não podia tirar fotografias deixo algumas do catálogo apesar de, tirando a Imaculada Conceição, não serem, para mim, as mais relevantes.



Pantocrator, Porta das Cadeias


Tentação de Adão e Eva, Prata, Juan de Arfe, 1588-1590, Museu Diocesano de Valladolid


Imaculada Conceição, Pedro de Mena, sec. XVII. Igreja Paroquial de Saucelle (Salamanca)




Última ceia - Museu Paroquial de Santa Maria , Aranda del Duero (Burgos)

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Algumas fotos de Ciudad Rodrigo

Casa brasonada

Câmara

claustro da Catedral ao fim do dia




poucas que o tempo ainda andava zangado!

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terça-feira, novembro 07, 2006

Vou ali e já volto




na próxima semana. Vou repousar os olhos e a alma perseguindo uma exposição que sempre os tem inquietado.

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segunda-feira, novembro 06, 2006

Sem título



são courelas de ternura
as tuas mãos
nelas se dilaceram gestos


HFM - Lisboa, 1 de Novembro de 2006



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domingo, novembro 05, 2006

Amarrações durante a Cabotagem - # 1



Vou hoje iniciar os meus destaques dos blogues lidos durante a semana e que publicarei aos domingos. Critérios? Os meus ;) Seguramente sempre temas variados.



*imagem roubada daqui




Casa do Lago - post PARADISO

Relógio de Pêndulo

A Revolta das Palavras

Tubo de Ensaio


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sábado, novembro 04, 2006

Citando # 163


A minha mão direita sabe muito mais do que eu.

Salete Tavares



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sexta-feira, novembro 03, 2006

Do diário


Uno as palavras no verso da ideia. Clarifico-me. Dessedentada, liberto-as. Mais tarde, sem que saiba quando ou como, elas conduzirão a minha mão à magia da sua reordenação.

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quinta-feira, novembro 02, 2006


foge a palavra do texto
entornando vazio sobre a folha
- greve nas letras!




HFM



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quarta-feira, novembro 01, 2006

Memórias de um papel perdido num guia de viagem


Madrid não tem mar
mas farei o barquinho com os dedos
largá-lo-ei algures


memórias incendiadas.


Lisboa, 1 de Novembro de 2006



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