sexta-feira, setembro 29, 2006

Sem título


na serena largura do círculo
o início

princípio de todo o conhecimento.

Ericeira, 27 de Setembro de 2006



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quarta-feira, setembro 27, 2006

Notas de viagem - 20


De Vitré vim por Fougères que já conhecia mas onde sempre gosto de perder o olhar.

Fougères - perto do célebre Monte de S.Michel - é uma cidade onde há muito para ver na parte alta da cidade ficando o seu castelo no fundo da colina o que faz com que muitos turistas a vejam apenas por um dos seus ângulos. O viajante, contudo, escolhe o percurso e deixa que os passos se percam ao ritmo do olhar, das escolhas e do relevo do terreno.

Como estava muito calor andei pela parte alta da cidade, refresquei-me no seu belo jardim - uma varanda sobre a cidade e o castelo - e dessedentei-me no Largo do Teatro. Depois, perto das 19:30 desci até ao castelo, cujo interior já conhecia, podendo assim observar as várias perspectivas que se vão descobrindo a cada esquina.

Deixo as imagens pois seria fatigante entrar em grandes detalhes que, no site da cidade, podem ser consultados à exaustão.





Do jardim sobre a cidade com vista para o castelo



O largo do teatro



befroi



Sobre os telhados



a cintura exterior do castelo



Uma das entradas



outra entrada

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terça-feira, setembro 26, 2006

Sem título


afogam-se no rio os olhos
quando a tarde enlouquece
os passos no empedrado


humaniza-se a cidade.


Lisboa, 18 de Setembro de 2006



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domingo, setembro 24, 2006

Notas de viagem - 19


É raro, hoje em dia, podermos viajar no tempo como o fazemos em Vitré pequena cidade um pouco para o interior da Bretanha norte.

Vitré tem uma pequena cidade velha onde as muralhas, ruas e casas estão preservadas algumas tal como eram há 400 anos! O seu castelo, apesar das sucessivas transformações, mantem características de épocas e um recheio digno de ser visto.

O melhor, contudo, é o passeio pelas diversas ruas e, por vezes, o olhar para casas que pertenceram a pessoas que ficaram no nosso imaginário, caso de Madame de Sevigné.

Mais uma vez, deixo as fotografias que são o melhor testemunho.





Parte do castelo. Infelizmente não foi possível retirar os carros ;)



Dentro do castelo a torre do Oratório - renascentista.



Ainda no interior do castelo o pórtico desenterrado perto da entrada.



Passeando o olhar



...



o difícil foi conseguir encontrar um bom ângulo para a fotografia



Casa Bol d'Or - 1513



anichada junto à muralha que se vê à direita


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sábado, setembro 23, 2006

Citando # 161


Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objectos, um catálogo de estilos, onde tudo pode ser constantemente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis.

Italo Calvino



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quinta-feira, setembro 21, 2006

Notas de viagem - 18


Hoje um post dedicado a uma cidade da Bretanha. Uma cidade pequena a que regresso sempre que dela ando perto - Dinan. Situada na Bretanha do Norte não longe de S. Malo fica no vale do rio Rance. Desta vez alcancei-a de barco; precisamente fiz o vale do Rance de barco tendo, assim, podido observar as suas margens, as suas enseadas, os seus pequenos portos e ainda as belas casas e mansões que se encontram ao longo de todo o percurso. Foi uma viagem inesquecível.

Dinan é uma pequena cidade fortificada mas, o que dela mais gosto, é das suas estreitas e sinuosos ruas, algumas tão estreitas que tenho a sensação de que os moradores podem cumprimentar de aperto de mão os seus vizinhos da frente. As ruas estão cheias de casas tradicionais bretãs com as suas empenas de madeira pintada.

Apesar de pequena, refiro-me à cidade velha, há sempre algo a descobrir no labirinto das suas pequenas ruas. Fica uma amostra nas fotografias que se seguem. Aqui estão alguns esboços feitos no local.




O vale do rio Rance visto da muralha junto ao Jardim dos Ingleses



O "befroi" de Dinan



Uma das suas famosas casas



A famosa rua do Jerzual quando a subimos manhã cedo



Ainda a rua do Jerzual mais acima



Outra rua



Outra casa



O castelo de Dinan

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terça-feira, setembro 19, 2006

Na quietude da tarde


Quando escorrem as horas
clarificam-se os contornos
e a bruma do olhar.
Reacendem-se, então, os momentos
desfasados únicos
invadindo as fronteiras
afunilando o dia
e o desnorte.


Ciclicamente o por-do-sol acenderá
o campo de papoilas.


Lisboa, 18 de Setembro de 2006



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segunda-feira, setembro 18, 2006

partitura


O meu amigo Al-Chaer lançou mais um livro de poemas - partitura. Enviou-mo com uma belíssima dedicatória. A edição é da Universidade Católica de Goiás onde é professor.

Com um muito obrigada pelo livro e pela sua poesia transcrevo um dos seus poemas.




não sei de partituras

xxxxmuito menos de cifras

xxxx mas tenho nos meus dedos
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxcinco notas
xxxxxxxxinacabadas

um dia vou soprá-las

xxxxxxxno seu corpo


será
xxxxxxa um só tempo
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxminha iniciação
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxe sinfonia

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domingo, setembro 17, 2006

O gosto do coleccionador e De Paris a Tóquio - arte do livro na colecção Gulbenkian


Com as escolhas de Gulbenkian me quis.

A não perder.

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quinta-feira, setembro 14, 2006

Sem título


era azulada a exaustão
tal a sombra


na tua pele
o vento fustigava
as encruzilhadas.


Ericeira, 25 de Agosto de 2006



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terça-feira, setembro 12, 2006

A arquitecta paisagista


Sentou-se. Estava com calor. Encostou a cabeça. Encerrou os olhos.

Estava-se bem ali. Os jardins sempre a tinham atraído. Este particularmente. Os seus verdes – uma paleta que um duende andara a misturar. A frescura. As árvores de dimensões diferenciadas. Os arbustos. E as flores. Estas escolhidas por pessoas diferentes. Não tinha dúvidas. E os pequenos lagos que, aqui e ali, refrescavam os verdes e a refrescavam a si. Quem os teria desenhado? Se pudesse, apenas os faria menos geométricos, mais integrados no relevo do terreno. Havia ainda umas pedras aparentemente mal amontoadas. Só aparentemente. Um olhar mais sólido mostrava que cada pedra fora judiciosamente colocada. Quando ela ali pudesse intervir acrescentaria junto destas pedras uma pequena gruta. Sempre gostara de grutas. Havia muitas na serra onde nascera. Pensando melhor também acrescentaria uma pequena ponte em arco ligando dois daqueles pequenos lagos. Uma pequena ponte onde só crianças pudessem passar. Ou quem se fizesse passar por criança. Pensando ainda melhor também acrescentaria bancos. Não os bancos normais de jardim mas bancos que despontassem da erva ou das pedras e que se casassem com a paisagem envolvente. Deveriam ser vistos só quando as pessoas chegassem junto deles. Nada que distraísse o olhar da beleza que ela encontrava naquele jardim.

Espreguiçou as pernas. O calor era tórrido. Desencostou-se e abriu os olhos.

Na sua frente, como numa cascata, em tons ocre e sobre a poeira e o lixo viu o amalgamado distorcido do bairro de lata em que vivia. Grossas lágrimas juntaram-se ao suor que lhe corria pela cara.




HFM - Lisboa, 10 de Setembro de 2006



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segunda-feira, setembro 11, 2006

11 de Setembro


Faz hoje cinco anos que o mundo continuou a mudar, só que em progressão geométrica.

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domingo, setembro 10, 2006

Notas de viagem - 17


Algumas palavras e fotos sobre a Ilha de Bréhat no norte da Bretanha. Este pequena ilha de 461 habitantes fica a 10m de barco do continente. Na ilha não circulam carros; se me não falha a memória há apenas 3 carros - 1 para a mairie, 1 para a agricultura e outro - uma espécie de pequeno comboio - para levar as pessoas e mercadorias do porto a suas casas ou hoteis e ou ao longo de toda a ilha. Há ainda duas ou três motorizadas sendo que uma deles é do médico. Os outros meios de transporte são bicicletas, pequenas carroças e as pernas das pessoas!

A saída para a ilha faz-se pela Ponta do Arcouest que, na maré baixa, tem uma vista magnífica pois, entre continente e ilha, há uma profusão de pequenas ilhotas e rochas rosas que dão ao lugar um estranho ar de lua semeada de água. Infelizmente não tenho fotografias dessa beleza pois o barco ia partir e não houve tempo para fotografias; no regresso a paisagem tinha-se modificado completamente. Não havia ilhas, só mar, era a maré alta!

Primeiro fiz uma volta de barco à ilha que me tinha sido recomendada por amigos. O panorama é excelente e ficamos com uma ideia da ilha e dos seus inúmeros faróis. Como gosto do mar senti-me sempre bem o que não foi o caso para muita gente que ia no barco pois o mar, batido a vento, torna o pequeno barco numa casca de noz segura.

Depois deixaram-nos no porto, melhor no pontão 3, distante do porto aí uns 10m a pé. À vinda saímos do pontão 1, mesmo em frente ao melhor hotel e dos pontão 2 e 3 nem vista - o mar cobria-os completamente!

Percorri a ilha o mais que pude e gostei da miniatura de burgo - demasiado turística à hora do almoço - da soberba vista envolvente do alto de uma pequena colina onde se situa a capela de S. Michel e que dá para uma enseada com um belo moinho de maré. Fui até ao farol de Paon no extremo norte da ilha. Mas o que mais gostei foi de me perder por pequenas estradas de terra batida ora no coração da ilha, ora junto ao mar ou em pequenas enseadas. As flores que, naquela altura, cobrem a ilha são um jogo para o olhar.

Em baixo ficam as fotografias.




Pointe de l'Arcouest - o local donde partem os barcos e a ilha ao fundo



Chegada à ilha



A meia distância entre o pontão 3 e o pontão 1 junto ao hotel que se vê ao fundo.



o largo do pequeno burgo



a colina com a capela de S. Michel



Vista da capela de S. Michel



Outra vista da capela de S. Michel; ao fundo o continente



o bem posicionado calvário junto da capela de S. Michel



o moinho de maré



uma preciosidade



um dos muitos faróis da ilha



durante a volta à ilha num mar mais calmo



Dois blocos de granito rosa evocam a presença frequente em Arcouest de Frédéric e Iréne Joliot-Curie. Os blocos estão em bruto e apenas a parte que representa as caras, olhando-se, é polida.


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quinta-feira, setembro 07, 2006

Do verão


Escorre no ar o silêncio
como se da inércia fizesse parte
alongo o olhar entre
verdes
o mar
e a constância da paisagem.


Dessedentada percorro
a estreita vastidão dos anos
e a fidelidade do mar


reflexos de Setembro
espelhando-se no equinócio.


Ericeira, 4 de Setembro de 2006



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terça-feira, setembro 05, 2006

Notas de viagem - 16


Ainda nas Côtes-d'Armor vamos falar de Fort la Latte e do Cap Fréhel.

Fort la Latte é um castelo construído no sec. XIV e que serviu de fortaleza. Fica situado num lugar espectacular mesmo sobre o oceano. O panorama que dele se avista é grandioso e belo e dá, à sua esquerda, sobre o Cabo Fréhel. O seu interior medieval vale bem uma visita.

O Cabo Fréhel é um dos mais conhecidos espaços do norte da Bretanha. O seu farol é esmagador e as suas falésias belíssimas sendo que, numa delas, há uma reserva de aves marítimas que, mesmo vista de cima, é impressionante. Tive azar com o embrumado do dia e com a chuva que começou quando terminávamos o circuito e que nos impediu de ver a bela baía que se estende à sua esquerda.

Melhor do que eu falarão as fotografias que aqui ficam.




Fort la Latte visto do caminho que lhe dá acesso



Aproximação a Fort la Latte



Um dos torreões que acaba no mar



O imponente farol do Cabo Fréhel



A baía que lhe fica ao lado



A ponta do Cabo



A reserva de aves



os rochedos da reserva de aves



A costa sobre o lado direito



Aqui encontrará dois desenhos um de Fort la Latte outro do farol de Cap Fréhel.

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segunda-feira, setembro 04, 2006

Sem título


dos dias colhe a cor
e a estranha certeza
dos anversos.


Ericeira, Agosto de 2006



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domingo, setembro 03, 2006

Colecção Rau


Fui ontem ver a exposição Grandes Mestres da Pintura de Fra Angelico a Bonnard no Museu Nacional de Arte Antiga.

Percorri aquelas salas com o encantamento de ter ali, à minha disposição, o que saiu dos pincéis de Fra Angelico, Canaletto, Millet, Greco, Ribera, Reynolds, Corot, Boudin, Pissarro, Sisley, Signac, Lautrec, Odilon Redon, Vuillard, Vlaminck, Derain, Jawlensky, Macke, Monet, Manet, Bonnard e tantos outros que seria exaustiva a sua nomeação.

De todos ficou-me nos olhos o quadro de Monet - as Pirâmides de Port Crouton. Apenas por este ano as ter visto ao vivo aquendo da minha visita a Belle Ile, na Bretanha e a este porto. A única diferença é que não lhes chamam pirâmides mas sim agulhas, pormenor irrelevante.

Aconselho a visita assim como um descanso no belo jardim do Museu e a vista dos telhados e das águas furtadas coloridas da casa que fica um pouco à frente sobre a esquerda. Fiz uns esboços num pequeno papel que tirei na cafereria mas terei de lá voltar para utilizar a cor.




Canaleto, Praça de S. Marcos


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sábado, setembro 02, 2006

Citando # 160


"A ciência é grosseira, a vida é subtil, e é para corrigir essa distância que a literatura nos importa."


Roland Barthes



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