sexta-feira, junho 30, 2006


não há mãos que embalem o rosto
só memórias e os teus olhos
dançando num rio sem nome.

Lisboa, 30 de Junho de 2006

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quinta-feira, junho 29, 2006

Notas de viagem - 4


Continuemos então nessa primeira semana de Bretanha com poiso certo em Carnac. A destacar:

- Muito perto a península de Quiberon e a sua magnífica costa selvagem que apanhámos com uma ventania incrível num dia em que de manhã choveu de uma forma diluviana mas cuja tarde nos permitiu uma boa volta com alguns ameaços de chuva mas com o sol a querer participar da viagem. Da praia de Quiberon saiem os barcos para Belle Ile-en-Mer mas para esta ilha guardarei um post particular.



costa selvagem



costa selvagem



costa selvagem



Praia de Quiberon - construcões na areia



Praia de Quiberon e a cor de um dos seus hotéis


- Mais duas cidades a destacar: Port-Louis com uma fortaleza que teve o seu encanto em ser vista de manhazinha com uma bruma e um friozinho nada consentâneos com os finais de Maio. Mas também foi aí que, numa peixaria, comprámos ainda vivos lagostins que, embora mais pequenos que os nossos, custaram 9,50 euros/kg! Aliás durante toda a estadia foi uma barrigada de lagostins, camarões e sobretudo mexilhões de variadíssimas maneiras.



exterior do forte



No interior da fortaleza - a casa dos guardas




A outra cidade é Concarneau e a sua pequena cidade murada iniciada no sec. XIV e concluída no sec. XVII. Para meu gosto apenas com um senão - demasiado turística o que impede que os olhos divaguem avulso por tanta beleza.




Concarneau - ville close - vista do exterior



Relógio de sol onde está escrito "O tempo passa como a sombra"



no interior da "ville close"



No interior das muralhas - figuras de pedra à janela




- Por último mas não menos importante - Pont-Aven, a terra celebrizada pelos pintores que nos finais do sec. XIX a frequentavam assiduamente. O burgo preserva ainda alguns dos seus moinhos que dão um encanto especial ao rio que corre ondulante por entre pedras, verdes e pontes. Ia um pouco de pé atrás mas confesso que gostei bastante e que não pude deixar de pensar que um dos meus pintores favoritos - Gauguin - tinha pisado algumas daquelas pedras. Calculo que se a tivesse visto em finais de Julho ou Agosto a minha reacção fosse outra. Felizmente havia pouca gente e o rio é convidativo, de tal maneira que embora tenha estado algum tempo sentada em alguns pontos do rio só num deles peguei no lápis e na caneta para fazer um esboço. Houve ali uma enorme empatia e nada a podia quebrar.



A terra e o rio



Um dos moinhos do rio



Ainda e sempre o rio



Esta estranha construção sobre o rio são casas de banho públicas


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quarta-feira, junho 28, 2006

Notas de Viagem - 3


Para além de toda a profusão de construções megalíticas a que voltarei mais tarde noutro género de post há a referir desta zona:

- A própria vila de Carnac e sobretudo a zona da praia - extenso areal como é habitual na Bretanha. Perto de Carnac, em lados opostos, fica St. Colomban - pequeno burgo de construções de pedra e muito bem preservado e Trinité sur Mer - um porto donde partem grandes regatas.



Os Halles de Carnac. No topo o edifício do Museu da Pré-História e a sombra projectada no chão é o pináculo da catedral.




St. Colomban




- O Golfo do Morbihan duma largura de 20 km encontra-se semeado de inúmeras ilhas a maior parte delas particulares. Não perder os seus pôr-do-sol. Fiz um cruzeiro no golfo com paragem em duas ilhas. O cruzeiro partiu de Locmariaquer um terra importante pelo seus conjuntos megalíticos. No topo do golfo a capital da região, a não perder - Vannes - com casas de madeira pintadas, com uma catedral que vale a visita e, sendo fortificada, a volta pelas muralhas é um interessante percurso junto das velhas ruelas e particularmente do antigo fosso hoje um belo jardim. Cidade para se percorrer com calma e a pé.


As belas casas de Vannes - estas quase se tocam



Maison de Vannes



Vannes - o fosso



O porto de Locmariaquer - uma das pontas do Golfo do Morbihan



Nestes dias o tempo não esteve do nosso lado, apesar de termos sempre tido boas abertas. Houve uma noite em que os ventos rondaram os 100 a 120km/h

Outros pontos de interesse desta região ficam para novo post.


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terça-feira, junho 27, 2006

Notas de viagem - 2


A semana seguinte foi passada em Carnac, junto ao Golfo do Morbihan. Local de partida para o conhecimento daquela região da Bretanha Sul.



Alinhamentos de Kermario - Carnac (Bretanha).




Encerram as pedras a memória
e as incertezas.
Sobre a morte e sobre os vivos
há o eco de um canto antigo
desafinando realidades.

Avultam-se ausências.

Carnac, Alignements de Kermario, 22 de Maio 2006


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domingo, junho 25, 2006

Notas de viagem - 1


Dos dois primeiros dias pouco ou nada há a dizer - comendo quilómetros para que a chegada a Chatelaillon Plage fosse o mais cedo possível; primeiro dia paragem em Burgos e no outro dia papando quilómetros o que ainda nos permitiu visitar a ilha de Ouessant, infelizmente não deu para ver a parte mais bela da Ilha - a costa selvagem - pois, no mínimo teríamos para quatro horas. Chatelaillon é uma praia um pouco parada no tempo com um areal de 5 km ao longo do qual se estende o burgo. De realçar o Casino, uma construção antiga e sobranceira ao mar.

Da janela do quarto de hotel, embora enviesadamente, conseguia ver a Ilha de Ré e o Fort Boyard.

O 3º dia foi passado em La Rochelle. Uma cidade onde há alguns anos já tinha estado e que gostei de revisitar. É uma cidade um pouco secreta e com o charme das velhas cidades francesas da época clássica. O seu porto e as suas torres fortificadas valem uma visita assim como as ruas e as casas da cidade velha. Esta é uma cidade onde se aplica bem a palavra francesa flanner.




La Rochelle - a entrada do Porto que, nos seus tempos áureos, era fechado por uma cadeia de ferro passada entre as duas torres.



A Torre do Relógio que dá entrada no burgo antigo.



Apesar do tempo já não andar famoso neste dia à noite começou uma chuva e um vento que chegaram a ser assustadores e que iriam continuar. Nada disso, contudo, desmotivou os viajantes!

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Regresso



última folha do meu caderno de desenhos formato A6


De volta ao país - se pudesse ainda ficaria mais tempo - e à blogosfera onde penso recomeçar a partir de hoje a actualização dos meus três blogues.

Na Linha de Cabotagem irei deixar algumas notas e impressões sobre a viagem e no Traços e Cores irei colocar alguns dos desenhos que prencheram as 96 páginas deste pequeno cadernos e alguns - poucos - do meu Moleskine formato A5 e que, pelas suas dimensões, não me deu tanto jeito utilizar. O Alicerces continuará na sua linha habitual e, quanto muito, poderei utilizar algum material que li ou extractos dos livros que comprei.

O meu interior e os meus olhos estão ainda cheios de verdes, de mar, de luz, de paz e de harmonia sendo que esta última é, para mim, o melhor "outcoming" da viagem.

Vi coisas belas, repousei em longos passeios de barco, cansei as pernas em caminhadas para descobrir rochas magníficas ou "pointes" onde o mar era um hino à vida, vi alguns monumentos que me contaram histórias da História que eu efabulei, conheci algumas pessoas com que foi bom conversar em especial um alfarrabista, situado numa casa do séc. XVI, em Tréguier (uma pequena cidade) onde fui comprar uma biografia de Jean Moulin e com quem estive à conversa mais de uma hora. Falámos da Europa, da política, de viagens e de tantas outras coisas... são estes momentos uns dos mais altos nestas minhas andarilhices tal como o vivido dentro da "Merveille" - o conjunto arquitectónica que rodeia a catedral do Mont de S. Michel - quando no claustro desenhava e sentia que as pessoas iam passando e olhando e a certa altura pressinto fixa, ao meu lado, uma silhueta - um miúdo aí dos seus 10 anos olhar atento e cheio de vida que me diz: - Vous dessinez très bien, Madame. Obviamente que lhe disse que não mas que estes esboços eram as minhas melhores fotografias; o miúdo era esperto e falador e ali ficámos a conversar sobre o traço, as linhas, as cores e o prazer que elas nos trazem.

São estes os momentos que quero reter e que me ajudarão a conviver com o que, entrando em Portugal, me desagradou logo - as bandeirinhas (sobretudo as que se encontram presas nas cordas da roupa!...) - a obrigatoriedade de andar nas autoestradas a 120 km/h, mas só para alguns, já que fui ultrapassada pelos carros do Senhor Presidente da República que deviam ir aí a uns 180 200km/h (assim se educa um povo!) entre outras tantas...

Sejam pois bem (re)vindos a este espaço.


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sábado, junho 17, 2006

Deixem os meus olhos vaguear no insolito das descobertas, deterem-se naquele traço, pela imprecisao ou pormenor, acolherem-se nesses verdes nunca iguais onde repousa a paz, sentirem o peso dos séculos que cobre as cupulas de tantas igrejas e catedrais, alongarem-se no infinito da luz do farol protector, respirarem o ar das pequenas praças onde se liberta a imaginaçao de tantas historias e, finalmente, deixar repousar o cansaço nesta costa - ora serena ora abrupta - que se enreda no mar numa miriade de rochedos e ilhas.

Deixem os meus olhos vaguear. Nao os encham de pormenores, nao lhes destruam o encanto, nao lhes digam o que olhar. Eles vêm porque, irmanados à razao e ao sentimento, sao o melhor guia da minha viagem.

Olhos de viajante que, nenhuma força ou alguém, empacotara em olhos de turista.


Nota:De hoje a uma semana ja devo estar em Portugal :( e em breve retomarei a habitual actualizaçao deste blog. Até breve.


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terça-feira, junho 13, 2006

Picasso - Gauguin e outros pintores de Pont Aven

Hoje o carro ficou parqueado no Dol de Bretagne - uma terra da qual falarei quando, em Portugal, me for possivel colocar fotografias - e vim para Rennes onde tive o privilegio de estar a contemplar 3 quadros de Picasso, entre eles a Baigneuse, outros de Gauguin da sua fase de Pont Aven e ainda de outros pintores que com ele percorreram os circuitos dessa terrinha que me encheu o olhar e o coracao quando a visitei logo no inicio da viagem.

Rennes ficou um pouco aquem do que esperava menos este Museu des Beaux-Arts que, embora pequeno, tem um espolio bem agradavel. Obviamente que as casas medievais tambem mas essas felizmente teem-me perseguido desde que por aqui ando.

Como se nota, os acentos continuam de ferias!!!


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sábado, junho 10, 2006

Por terras bretas

as lendas dos trovadores
incrustaram-se nas pedras
do claustro de Treguier

baladas de vento
perseguindo o silencio

Catedral de Treguier, 07.06.06

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sexta-feira, junho 02, 2006

Passeio no Odet


desmultiplicam-se nos olhos os verdes
e o encanto
au fil de l'eau fantasio
do silêncio a paz
do colorido a aventura
de cada curva o infinito

congregando grito e esperança
desliso na esteira do tempo.

xxx --- xxx


O tempo mudou e apesar do frio esta sol e a beleza desta Bretanha mais rude - da regiao das Pontas que se lançam sobre o mar ate a Bretanha mais interior como as Montanhas Negras ou Menez Hom - permanece no olhar e nos sentires e aconchega uma relaçao de perguntas e escolhas. Os olhos e os sentires agradecem.

Ate breve. Como ja deram por isso os acentos tb estao de ferias :)




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