sábado, agosto 05, 2006

Do tempo das férias


persiste o cheiro a férias
sol lavando a humidade
o tempo perseguindo o instante
como os namoros de verão
acantonados na maresia

persiste o cheiro a férias
desfiando dos anos o rosto
e as sobrevivências
as bonecas perdidas no sótão
ao abrigo da velha bicicleta

persiste o cheiro a férias
e à tribo sazonal
às longas horas cumpridas
por sobre o luar
filtrando esperanças e certezas

persiste o cheiro a férias
outro, pegando-se à pele
das memórias insolventes
Pandora destapando o passado
e o delírio das carências

persiste o cheiro a férias
na infantil memória do tempo.

Ericeira, 10 de Julho 2006



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