Da vida
Quase um cadáver em pé. Muito bem vestida. Uma bengala cujo cano estava incrustado de pequenas flores. Um barrete de crochet aconchegava-lhe o ralo cabelo, um casaco de pele bege, calças a condizer e, nos pés, uns ténis. Muito digna. Passo incerto e cansado. Rugas, muitas rugas e, contudo, um ar fresco. Uma voz gutural e cansada comentando as miniaturas em mármore que viu como eu já não consegui ver. Sempre a sorrir, um sorriso que lhe pontuava o olhar ainda belo.
Não sei quanto tempo irá viver; creio, contudo, que sempre terá vivido assim, com força, com garra, aproveitando cada minuto de vida. Um ensinamento!
Poderia ter sido uma actriz, uma pintora ou uma cientista.
Que conto não daria!
HFM - Londres, Courtauld Gallery, 18 de Fevereiro de 2008
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