segunda-feira, março 03, 2008

Londres - exposições




Uma das duas grandes exposições que vi em Londres. Esta na Royal Academy of Arts em Picadilly Street.

From Russia - French and Russian Master Paintings 1870-1925 from Moscow and St. Petersburg - 26 January - 18 April.

O que destacar? Poderia aqui escrever um rol de nomes desde os russos Repin, Tatlin, Goncharova a franceses como Cézanne, Matisse, Monet, Picasso, Bracque e tantos, tantos outros.

No meu olhar ficaram especialmente os quadros que se seguem. Os de Matisse particularmente porque eram dois dos meus preferidos e, sabendo-os na Rússia, nunca pensei vê-los, pelo menos com o tempo de os poder fruir, analisar e gravá-los na memória do olhar. De Natay Altman o retrato de Anna Akhmatova - para além da sua beleza especialmente pela cor que se destacava e ofuscava todos os outros. Obviamente os meus olhos também procuraram habituar-se aos quadrados e círculos de Malevitch que, até aqui, só conhecia de livros. Para continuar as minhas impressões este post teria de ser dividido em numerosas selecções e é impossível transmitir a cor verdadeira que o artista criou e que nenhuma lente pode destruir.

Deixo apenas a pequena nota que escrevi no meu diário - Só o privilégio da visita a esta exposição justificava a vinda a Londres. Saí bêbeda de cor e com os olhos cansados de não saberem o que escolher, o que reter, o que compor.



Matisse, The Red Room, oil on canvas, 2180 x 220cm, The Hermitage, St. Petersburg


Matisse, Dance II, oil on canvas, 260 x391cm, The Hermitage, St. Petersburg, 1908




Natay Altman, Portrait of Anna Akhmatova, 1915, oil on canvas, 123,5 x 103,2, The State Russian Museum, St. Petersburg



Um poema de Anna Akhmátova

Foi terrível viver naquela casa.
Nem a rutilância patriarcal
da lareira, nem o berço do meu filho,
nem o sermos jovens, nem o segredo
de tantos projectos, nem o vinho,
nos podia amainar aquele medo.
Assim, aprendi a brincar com ele
e deixava a minha gota de vinho,
meus pedacinhos de pão, para aquele
que arranhava à porta pelas noites
como um cão, espreitava pela janela
baixa, e nós tentávamos não ver
o que se passava atrás dos espelhos,
que passos de chumbo faziam gemer,
como clemência implorada,
aqueles degraus escuros e velhos.
Dizias, na cara o sorrir dorido:
"A quem levam eles pela escada?"

Diz - agora estás lá onde tudo se sabe -:
Que mais viveu, além de nós, naquela casa?

In Rosa do Mundo
Tradução de: Nina Guerra e Filipe Guerra




Já agora uma pequena história que quase parece uma anedota e que se passou durante o meu percurso pela exposição. Em frente ao quadro




de Chagall estava um grupo de alunos em visita de estudo e um senhor ia fazendo várias perguntas a que os miúdos, disciplinadamente, pondo o dedo no ar, iam dando as suas respostas. À pergunta:

- Porque está a senhora a voar? - entre várias respostas ouvi esta preciosidade

- Porque é a Mary Poppins!

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