Num banco ao frio
Se te descrevesse a cena
num repente impressionista
dir-te-ia que para lá do rio
passa um comboio
de cores modernas e brilhantes
por entre casas vitorianas
e modernos blocos de apartamentos
o rio vai cinzento
brilhando com este sol pálido
que tem acarinhado a estadia
sobre o rio caiem
braços de árvores com esferas
a que, como sempre, desconheço o nome
mas já lhes desenhei a caligrafia
atrás de mim sei a Tate Britain
não a vejo
aguardo-lhe a abertura
e espero, então,
nas Clore Galleries
esquecer toda a cidade
as preocupações os medos
os espasmos da vida
e isolada no meu interior
prosseguir um diálogo improvável
com a luminosidade de Turner
da sua pincelada
e com ele retalhar o essencial
abordar o pormenor
esbater os contornos
afagar a refracção da luz
e depois num jeito aparentemente simples
tudo compor num todo
sem limites nem fantasias.
assim te falo desta cidade
e dos passos por acabar
onde sempre tropeço na exausta ânsia
do intante.
HFM - Londres, 21 de Fevereiro de 2008
Etiquetas: Londres, Poemas HFM
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