Do diário # 13
À azenha só falta a roda a trabalhar. O sol encarregou-se de dar vida ao quadro. O óleo ressurgiu em toda a sua cor tentando saltar para fora da tela. A ponte é um convite e, apesar de ali também ser inverno, apetece mergulhar os pés na água e deixar que a vida escorra por entre os verdes cinzentos/azulados.
Este quadro é um enigma. Esconde-se na sua opacidade e quase se torna esquecido. Um dia, especialmente com o sol de inverno, ganha toda a sua robustez e explode no olhar que agarra. Tem dons especiais para se mostrar e nunca se deixa esquecer.
Augusto Costa é o seu autor e as azenhas, ao que me disse há muitos anos, são perto de Entre-os-Rios. É um quadro pequenino mas que me despertou o olhar precisamente por essa cor dominante o cinzento/azulado, ou será azul/acinzentado? A moldura é muito bela.
Tenho por este quadro uma ternura quase infantil e muito funda, não fosse ele o primeiro quadro que comprei.
Hoje este sol de inverno invadiu a sala e foi plasmar-se nas azenhas e o rio entorna-se do quadro e corre dentro de mim.
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