Do diário # 4
O peso da noitada faz-me flutuar nas horas. Um desvão de imprecisões que a chuva e o café adensam. Rasgões por entre conversas. Distanciamento das observações. E o que me apeteceu pegar na caneta e no meu Moleskine e, tal como nos traços, num despreocupado olhar reter o momento e a análise das pessoas. Tantos esteriótipos! Tantas reacções ocultando ou desfazendo as máscaras! Tantas palavras há muito estudadas! E, súbito, o encontro de outro olhar desconhecido onde se reconhece o traço comum de quem, tal como eu, bem situado se dedica ao estudo da vida a descoberto. Também, ainda, no meio do fictício se encontram os gestos simples e as palavras daqueles que gostam e sabem conversar. E olhar. E sentir os cheiros e a efervescência da terra na sua pureza original.
São gratas as horas quando se encontram sintonias. Quando é de tolerância o sorriso com que se encara a farsa, as hormonas e os gestos cansativos de quem apenas vê as horas passar por si.
Gosto dos espaços largos do Monte da Inveja que Estremoz , ao fundo, delimita.
30 de Outubro de 2005
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