Do diário # 19
É forte o barulho do vento no canavial. Um tropel. Um galope. Uma vergastada. Talvez antes uma sinfonia que não sei compreender. Olho o Cabo ao fundo e, como num sonho, tudo se balança até à poalha que o sol cristalizou por sobre o oceano.
Se eu gritasse entraria na sinfonia como uma nota aguda mas em nada desafinada. E, na catarse, pouparia forças ao vento e soltaria, de dentro de mim, o som cavo sem ritmo que, por vezes, me solidifica.
Continua a fúria do vento e das palavras.
Ericeira, 25 de Agosto de 2006
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