Sempre estas palavras
Cheguei ontem, de repente, a uma sensação absurda e justa. Reparei, num relâmpago intimo, que não sou ninguem. Ninguem, absolutamente ninguem. [...] Sou os arredores de uma villa que não há, o comentário prolixo a um livro que se não escreveu. Não sou ninguem, ninguem. Não sei sentir, não sei pensar, não sei querer. Sou uma figura de romance por escrever, passando aerea, e desfeita sem ter sido, entre os sonhos de quem me não soube completar.
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego, 1 de Dezembro de 1931
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