terça-feira, dezembro 13, 2005

Magoa-me dos mortos o peso


Magoa-me dos mortos o peso
quando de noite se sentam
na borda da vida e do luar
desfiando as horas inertes
apontando-me os momentos
e as sombras que a ausência
passeia na parede e em mim.
São os meus e os outros
num peso de mármore
que nenhuma manhã branqueia.
Vêm despojados mas arrastam
no desfiar das horas
as memórias e as palavras
jogam comigo às recordações
e salteiam de cor as brancas
que não querem ver apagadas.


Magoa-me dos mortos o peso
nos diálogos noite fora
acrescentando-me dúvidas
baralhando-me os gestos
incontados.


Magoa-me dos mortos o peso
quando os sento à mesa
num jeito martelado de ausências.


Lisboa, 4 de Dezembro de 2005



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