quarta-feira, abril 16, 2008

Invocando Alice


Não se uniram as cartas; desemparelhadas formaram um estranho baralho – como um aqueduto retendo a água. Tudo ao contrário. Ou seria apenas a fantasia, uma outra correlação de forças? Ou apenas como Alice um outro mundo?

Inquebrável prosseguia o emaranhado das cartas, só que os reis tinham perdido a coroa mas não a retórica, a rainha perdido o fausto associara-se aos sindicatos e o valete, que em tempo dera cartas, continuava a afirmar que, por ter sido professor há 17 anos, sabia muito do que falava.

Assim ia a corte naquele país de Maravilhas. E a plebe esquecia-se de que o século já tinha virado.

Gritar por Alice? Gesticular? Ou pôr uma velinha a um qualquer santo (se acreditasse neles) pedindo que o bom senso descesse sobre Governo e governados?


HFM - Lisboa, 15 de Abril de 2008



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