quinta-feira, dezembro 20, 2007

Natal



as mãos envolvem a ternura
num raio de sol

renasce o presépio


HFM-Dezº 07



Um bom Natal para os amigos, para os residentes quase diários e para todos aqueles que por aqui passem.

Deixo-vos com um dos mais belos poemas de Natal.



Natal, e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira






Nota: Aproveito ainda para agradecer a todos que ao longo deste ano fizeram deste blog um local de convívio e de troca de afectos. Muito obrigada.


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