Diurnos # 9
Raramente a casa é minha em toda a sua plenitude. Hoje, convidados apenas o sol que entra a jorros pela casa de janelas escancaradas, a maresia que o mar me oferece e este silêncio que me devolve a mim mesma, agarro-me a estes momentos como se deles tudo dependesse.
Quando sonho com estes momentos, só meus, penso sempre nas mil e uma coisas que há a fazer e, depois, com a indiferença dos felizes, esqueço tudo o que programei e deixo que esta idleness me acolha e fomente em mim momentos que, por tão curtos, são amplamente degustados como um precioso néctar dos tempos de antanho.
Olho a neblina, o sol e os poucos verdes, mais castanhos, e deixo que para lá do olhar fique a imensidão que me invade, a ternura do mar e este infinito que nada perturba.
Dentro de mim os passos aproximam-me e sedimentam o gozo da vivência e a transparência de me entregar aos minutos que deslizam sem saberem de relógios ou de horários. Intemporal sinto-me vogando acima da bruma.
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