quarta-feira, janeiro 09, 2008


Momentos. Escassos espaços de respiração. Um acorde. Ou mais. Ao fundo. Quase imperceptíveis. Como a chuva miudinha formando a poalha. Um silvo. Ou seria uma palavra ciciada? Um toque alterando a imutabilidade das coisas. Como uma fuga. Uma evasão provocada. Sorriu. Sentado na sua cara o sorriso evitando a interrogação dos presentes. Outra vez a respiração. O silvo. E a ansiedade com que tentava perceber. Caminhos que criava quando se soltava do ambiente envolvente onde o sorriso era a sua imagem de marca. De um lado para o outro. Quase como numa construção de legos o seu cérebro não parava de formar imagens. Divagações. Espaços abertos onde a respiração era possível. E o silvo donde viria? Momento de distracção. Como um arrepio percorria-lhe o sorriso até à evasão. Sufocava. Voltou-se para a lareira; já não era emprestado o sorriso, era quase uma gargalhada – o silvo escapava-se por entre os toros no sibilar do fogo.

O mimo recriara-se na realidade e ninguém tinha percebido.


Lisboa, 7 de Janeiro de 2008



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