Equinócio de Setembro
Ainda vejo as vagas avançarem para a praia – rápidas, grandes e o meu pai, saído de uma gripe, cair na areia - que a vaga lambia - todo vestido; estava junto ao paredão, sentado numa cadeira de lona e menosprezara a força do mar que tão bem conhecia – simplesmente levantara os pés e deixara a onda avançar esquecendo-se da sua força que cavara a estrutura movediça onde a cadeira se sustentava. Foi memorável e ficou para os anais das histórias da praia do sul.
Ainda vejo a vaga, entre tantas outras, avançar para a praia e uma mão agarrar-me; quando dei por mim estava empoleirada na sólida (?) estrutura do banheiro com um amigo meu por cima de mim e a mãe dele protegendo-nos aos dois. Deveria ter aí uns oito anos.
Ainda sinto o respeito com que olhávamos o mar e o Zecas Cardoso desafiando as ondas.
Ainda me recordo de outras tantas histórias que não vivi mas que foram passando de geração em geração.
Era com um misto de medo e ânsia que esperava o equinócio de Setembro.
É ainda com respeito que hoje oiço o barulho das ondas e observo o bailado da sua rebentação nas Furnas (enquanto as não destruírem totalmente). Oiço? Observo? melhor seria dizer ouvia, observava, é que o mar está flat e o equinócio também já não é o que era... espera-se que seja apenas culpa da lua.
Etiquetas: Escritos
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