quinta-feira, julho 21, 2005

Manias


Manias? Manias? Seguramente tinha várias mas tão banais que até a irritavam. Lembrava-se das amigas a contarem velhas manias e a rirem-se pelas tardes quentes de sol junto ao mar. Manias verdadeiras. Loucas. Digamos que algumas até bastante pindéricas. E ela? Nada. Não comia de nenhuma forma especial. Não tinha cores que a estimulassem ou lhe provocassem ínvios arrepios. As facas apontadas para ela por sobre a mesa, nada lhe diziam. As carteiras colocadas no chão eram-lhe indiferentes. Os locais onde se sentava eram apenas escolhidos ao sabor do momento. Os... As... nada! Era tão banal! Ao menos poderia inventar. Mas nada. Não tinha jeito. Não tinha pachorra. E o arzinho de desdém das outras!

Porque se lembrara disso agora, passados tantos anos? De repente um sorriso alargou-lhe os lábios enrugando-lhe a cara. Parva, parva! Estúpida! E porque não contara ela essa sua velha mania? Porque nunca olhara para isso como uma mania? Dizer-lhes que tantas ideias, tantas leituras - poesia, clássicos, livros proibidos, etc. – tinham tido raiz nessa mania. Uma crença. A sua mania era um local a que sempre fora fiel – a sanita!


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