Barcelona III
Arrumadas as coisas, reinserida de novo na rotina há, contudo, um lado de mim que ainda está lá nessa cidade onde 10 dias foram poucos para o muito que havia a rever e a conhecer.
Guardei Barcelona no coração como o fiz, quando em adolescente a descobri e vi nessa Sagrada Família uma construção de areia com aqueles montículos que a terra húmida vai fazendo escorrer; hoje, essa mesma Sagrada Família a que chamei o estaleiro da fraude foi talvez, de tudo o que vi, a única coisa de que me quis afastar rapidamente. Continuam os olhos da criança a ficarem presos a essa impressão aérea e instável que, na direcção do infinito, me leva para fora de mim. Mas, mal transposta a porta de entrada tudo entra em colapso perante aquele estaleiro que mais parece um armazém de desperdícios. Nada ali dentro bate certo e imediatamente rumei à saída. Como é possível que, passados tantos anos, aquilo ainda continue naquele marasmo. Restou-me algumas partes do seu exterior especialmente quando vistas do fundo do jardim fronteiriço à fachada principal. Pobre Gaudí!
Comecei pelo que não gostei pois quaisquer outros comentários que venha a fazer serão quase sempre para dizer bem desta cidade com um património artístico de relevo, com locais de silêncio e onde o verde dos montes envolventes anda sempre ali por perto apesar de se tratar de uma grande urbe.
Dos seus habitantes guardo uma boa impressão e bem diferente da dos madrilenos; os "barceloneses" são mais urbanos, mais simpáticos e, sem perderem a vivacidade e alegria, são menos barulhentos do que a maioria dos espanhóis que conheço e mais de acordo com a minha maneira de ser.
Impressionou-me ainda o seu nível de vida e a sua vertente cultural que se pode medir nos seus museus cheios de espanhóis, de estrangeiros e de uma enorme população escolar que os visita e que assim desperta para um conhecimento que se quer real, intenso e despontado desde muito cedo. Realço ainda a quantidade de descontos que são oferecidos nos diferentes locais turísticos e que abarcam jovens, idosos, estudantes, professores, grupos, famílias e se calhar ainda outros que me esqueci. Tudo isto revela a importância dada à cultura e ao seu valor nos diferentes vectores da vida humana.
Desses lugares de interesse falarei noutros posts. Deixo em baixo uma fotografia do exterior da Sagrada Família - a quantidade de gruas atesta bem do que disse anteriormente e relembro que foi no exterior que ainda consegui vislumbrar alguma beleza. Talvez elas estejam ali para contrariar a supremacia das verticais!!!
As outras duas fotografias atestam dessa outra forma de estar de que falei acima. Em nenhuma outra cidade vi tantos jovens e menos jovens a desenhar e a pintar nos locais turísticos, nos centros de interesse e em qualquer lado que lhes desperte a atenção. Tive concorrência... ;) tomara eu chegar aos calcanhares de alguns!
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