domingo, outubro 28, 2007

Barcelona III


Arrumadas as coisas, reinserida de novo na rotina há, contudo, um lado de mim que ainda está lá nessa cidade onde 10 dias foram poucos para o muito que havia a rever e a conhecer.

Guardei Barcelona no coração como o fiz, quando em adolescente a descobri e vi nessa Sagrada Família uma construção de areia com aqueles montículos que a terra húmida vai fazendo escorrer; hoje, essa mesma Sagrada Família a que chamei o estaleiro da fraude foi talvez, de tudo o que vi, a única coisa de que me quis afastar rapidamente. Continuam os olhos da criança a ficarem presos a essa impressão aérea e instável que, na direcção do infinito, me leva para fora de mim. Mas, mal transposta a porta de entrada tudo entra em colapso perante aquele estaleiro que mais parece um armazém de desperdícios. Nada ali dentro bate certo e imediatamente rumei à saída. Como é possível que, passados tantos anos, aquilo ainda continue naquele marasmo. Restou-me algumas partes do seu exterior especialmente quando vistas do fundo do jardim fronteiriço à fachada principal. Pobre Gaudí!

Comecei pelo que não gostei pois quaisquer outros comentários que venha a fazer serão quase sempre para dizer bem desta cidade com um património artístico de relevo, com locais de silêncio e onde o verde dos montes envolventes anda sempre ali por perto apesar de se tratar de uma grande urbe.

Dos seus habitantes guardo uma boa impressão e bem diferente da dos madrilenos; os "barceloneses" são mais urbanos, mais simpáticos e, sem perderem a vivacidade e alegria, são menos barulhentos do que a maioria dos espanhóis que conheço e mais de acordo com a minha maneira de ser.

Impressionou-me ainda o seu nível de vida e a sua vertente cultural que se pode medir nos seus museus cheios de espanhóis, de estrangeiros e de uma enorme população escolar que os visita e que assim desperta para um conhecimento que se quer real, intenso e despontado desde muito cedo. Realço ainda a quantidade de descontos que são oferecidos nos diferentes locais turísticos e que abarcam jovens, idosos, estudantes, professores, grupos, famílias e se calhar ainda outros que me esqueci. Tudo isto revela a importância dada à cultura e ao seu valor nos diferentes vectores da vida humana.

Desses lugares de interesse falarei noutros posts. Deixo em baixo uma fotografia do exterior da Sagrada Família - a quantidade de gruas atesta bem do que disse anteriormente e relembro que foi no exterior que ainda consegui vislumbrar alguma beleza. Talvez elas estejam ali para contrariar a supremacia das verticais!!!

As outras duas fotografias atestam dessa outra forma de estar de que falei acima. Em nenhuma outra cidade vi tantos jovens e menos jovens a desenhar e a pintar nos locais turísticos, nos centros de interesse e em qualquer lado que lhes desperte a atenção. Tive concorrência... ;) tomara eu chegar aos calcanhares de alguns!











Etiquetas: