sexta-feira, dezembro 29, 2006

Entre dois tempos


abri as portas da memória
e no laranja amarelo da lareira
que aquecia a mansão antiga
refugiei-me no quarto
naquele
onde sabia ter guardado a memória
a minha?
a dos meus dias?
ou simplesmente a memória?
o eco do passado nos passos presentes
a espuma que o tempo não engolira
a ressaca desafinada dos dias vividos
o fio que, quebrado, ali recuperava
a ânsia com que se conta da vida
as tonalidades
e a nostalgia de saber que do passado
nem as memórias são mentiras
acrescentos
onde se duplicam as vivências
e onde se espreme das histórias
o que já não existe


sopro de vento a que chamamos brisa.


HFM - Lisboa, 27 de Dezembro 2006



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