quinta-feira, janeiro 06, 2005

Eu não sei o que me resta


eu não sei o que me resta
quando caíram as muralhas
e a liberdade continuou silenciosa

eu não sei o que me resta
quando o sol se distanciou da terra
e a luz perdeu os pirilampos

eu não sei o que me resta
quando os túneis não têm saída
e as flores fugiram da cidade

eu não sei o que me resta
quando a prosápia instalou no mundo
mentiras sequenciais

eu não sei o que me resta
quando o tempo afunila
em perspectiva linear central

eu não sei o que me resta
quando a água aparta os povos
na sede da sobrevivência

eu não sei o que me resta
quando
só os recém-nascidos trazem o espanto na ponta dos dedos!

Lisboa, Novº 2004

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